Produtores de banana da porção paulista do Vale do Ribeira já contabilizam R$ 10 milhões em prejuízos causados por enchente na última semana. Ao menos 7,5 mil hectares de dez municípios da região foram tomados pela inundação, que deve prejudicar a produtividade da safra 2016.
De acordo com a Somar Meteorologia, apenas no município de Registro, já choveu 212 mm nos primeiros 15 dias do ano – 8 mm a menos do que costuma chover no mês de janeiro inteiro. O Rio Ribeira de Iguape, que passa por 17 cidades do vale, ficou 4 metros acima do nível normal em diversos pontos.
Em Eldorado, houve um pico de 9,20 m acima da altura normal, o que fez com muitas áreas fossem alagadas, diz o bananicultor Jeferson Magario. Isso teria comprometido completamente o sistema radicular das plantas. “Os produtores vão precisar fazer com que elas voltem a ter uma certa força para superar essa inundação”, diz.
Plantações
O produtor rural Nivaldo José Golghetto assistiu a sua plantação de bananas ser completamente alagada. O grande volume de água deve comprometer o rendimento futuro. “A gente acredita em 30% de prejuízo”, afirma.
Ele afirma que o principal problema é que a água lavou a matéria orgânica que estava no solo. “A cultura é perene. Nós dependemos dela durante todo o ano e não teremos daqui a seis meses a produção desse pé que caiu”, diz o produtor.
A orientação para minimizar as perdas é que o produtor inicie a poda das plantas assim que a água baixar. Além disso. é grande a torcida para que a temperatura fique amena nas próximas semanas, já que o excesso de água e o calor fariam a raiz da bananeira apodrecer rapidamente.
“Com essa poda de condução, a gente já está fugindo de um processo de ‘cozimento’ em função da alta luminosidade”, explica Nivaldo Golghetto.
Prejuízos
Muitos municípios atingidos na região decretaram situação de emergência. Agora, o sindicato dos bananicultores e as secretarias de Agricultura do Vale do Ribeira trabalham no levantamento dos prejuízos das inundações, estimado inicialmente em R$ 10 milhões.
O secretário de Desenvolvimento Agrário e Meio Ambiente de Eldorado, Nelson Basílio da Silva, acredita que terá a soma correta em 20 dias, e então irá recorrer aos governos estadual e federal, em busca de auxílio. “Temos que contar com os financiamentos básicos; se não houver isso, fica difícil o produtor se recuperar de uma condição crítica como esta”, afirma Silva.