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O impasse entre produtores e entidades financeiras foi o tema do debate. Devido a uma portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Goiás foi zoneado e a banana sequeiro não pode ser cultivada em todos os municípios goianos. Desde então, produtores das cidades que só podem plantar a banana irrigada não conseguem liberação de crédito para custeio.
Durante o encontro ficou decidido que será solicitada uma audiência com o vice-presidente de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil, Osmar Dias. O objetivo é buscar a estruturação de uma alternativa favorável ao produtor. A solicitação da reunião será feita pela Frente Parlamentar Mista da Fruticultura e pela Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Com a portaria do Mapa, o Estado foi zoneado e somente 23 municípios receberam autorização para plantar a banana de sequeiro, já que, segundo o documento, para um bom desenvolvimento da bananeira a planta precisa ser cultivada com calor constante, precipitação bem distribuída ao longo do ano e elevada umidade.
Em contrapartida, os produtores alegam que a variedade maçã cultivada na região é menos exigente em relação à água. Eles alegam que, mesmo sem orientação técnica tomaram algumas providências para auxiliar no desenvolvimento da fruta. Entre as medidas estão: curvas de nível, correção do solo com a adição de fósforo, sulfato e cálcio e manutenção de pseudocaules das plantas já colhidas, criando uma espécie de armazenador de água.
O produtor Rodrigo Reis é um exemplo. Ele conta que tem 26 mil pés de banana-maçã na sua propriedade, em Itaguari. Segundo Reis, a grande dificuldade é o controle das pragas e a adequação do solo, onde ele adicionou sulfato e já planeja acrescentar fertilizantes.
Origem de mudas
Na reunião também foi debatida a questão da origem das mudas que são plantadas na região do Vale do São Patrício. Elas não possuem Registro Nacional de Cultivar (RNC), um dos pré-requisitos para que a variedade possa ser plantada e circular pelo Estado. O registro também é indispensável para que a lavoura seja certificada visando a exportação do produto para fora de Goiás.
Diante do problema, ficou decidido que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Goiás (Emater) irão trabalhar juntas na identificação da variedade, além de produzirem novas mudas de laboratório.
A ideia é que os dois órgãos construam um projeto de instalação de uma unidade demonstrativa e de uma estação experimental, mudando assim o sistema produtivo atual e favorecendo a liberação do crédito custeio. A CNA e a Faeg se comprometeram ainda a buscar, em nível federal, recursos para fomentar a estação e a unidade.
Falta de conhecimento
A terceira questão bastante discutida foi a falta de conhecimento por parte do produtor de banana-maçã, que, na região em questão, trabalha com técnicas da década de 1970. Muitos deles fazem o uso incorreto de defensivos agrícolas pela falta de orientação e podem colocar em risco o título goiano de área livre de Sigatoka-negra, uma praga bastante severa que destrói o bananal. Também preocupam as pragas Broca do Rizoma, Nematóide, Sigatoka-amarela e mal-do-Panamá.
O objetivo do grupo é melhorar o potencial produtivo da variedade com a utilização do manejo adequado e aumentar a vida útil da planta, já que os produtores crescem sem suporte, de forma desordenada e não sustentável. Além disso, os técnicos também querem que a planta seja cultivada em maior quantidade e menor área, deixando espaço livre para a plantação de outras culturas.
Segundo o assessor técnico para a área de fruticultura da Faeg, Alexandro Alves, uma das grandes preocupações do órgão é dar suporte aos produtores, em sua maioria de pequeno porte, através de assistência técnica, “pois de nada adianta a liberação de crédito se não houver aplicação correta destes recursos”.