O encontro foi promovido por ONGs que defendem o a preservação ambiental e protestaram contra o zoneamento sócio-econômico e ecológico de Mato Grosso. Eles dizem que não foram ouvidos durante a elaboração final do projeto. Os indígenas presentes na reunião também reclamam da exclusão de 13 áreas passíveis de demarcação, que estavam relacionadas nas primeiras versões do documento.
– Nossas terras já são pequenas para nós, é diferente de 50 anos atrás. Quando se fala em redução ficamos preocupados. Já somos ameaçados com desmatamento e outros projetos, não sabemos o que teremos. Somos ainda nômades e sobrevivemos de recursos naturais, acho que vai prejudicar a gente. Quem vai garantir o alimento futuro pra nós? ? alega o componente da Associação Terra Indígena Xingu, Makupa Kayabi.
Para os ambientalistas, a lei é inconstitucional e a redução das terras indígenas não seria o único problema.
? Outro ponto importante é que aumenta 70% das áreas destinadas para o agronegócio. Ameaça terras indígenas, recursos hídricos ao redor ? declarou o membro da Operação Amazônia Nativa (Opan), Miguel Aparício.
O promotor de defesa do Meio Ambiente de Mato Grosso, Domingos Sávio de Barros, também contesta a constitucionalidade e promete cobrar na Justiça a anulação.
? Não tenho dúvida, já instaurei inquérito civil estou recolhendo todos documentos sobre esta questão. Estou aguardando relatório técnico para ingressar com ação.
Além de questionar o zoneamento, os ambientalistas também criticaram o projeto que altera o Código Florestal Brasileiro, aprovado na Câmara dos Deputados, eles alegam que, do jeito que está, o documento não cumpre o seu papel, que é o de promover o ordenamento territorial assegurando o desenvolvimento sustentável.
? Trata-se de um Código de consolidação agropecuária. Isso deveria fortalecer nossa agropecuária, mas este projeto vai impactar o agronegócio vai na contramão. Emendas pioraram o texto principal estimula sim novos desmatamentos. Isso é o mais grave ? explica o consultor jurídico do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Lima.
As cobranças dão uma ideia de como, possivelmente, serão as discussões no Senado, onde agora o projeto do novo Código Florestal deve ser avaliado.
? Vamos debater com tranqüilidade. Precisamos de segurança, mas não podemos votar rápido, não podemos debater em dez dias só. O Código será debatido e a bancada ruralista deve ter seu posicionamento ? declarou o senador do PDT ? MT, Pedro Taques.