Entenda o cenário atual da soja no Brasil

Saiba quais os principais fatores que impactaram no preço dessa cultura em outubro

Fonte: Pixabay

Os valores da soja em grão e do farelo subiram em outubro, atingindo os maiores patamares dos últimos três meses – para o óleo, a média é a maior em nove meses. De acordo com o levantamento mensal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), essa alta esteve atrelada à firme demanda externa e à retração de produtores em comercializar lotes grandes. Esse último fator, por sua vez, se deve às especulações sobre um possível atraso na entrada da temporada 2017/2018, em função do semeio mais tardio, o que pode fazer com que traders com navios nomeados para janeiro e fevereiro paguem valores maiores por lotes da oleaginosa.

Nesse cenário, muitos produtores brasileiros deram preferência para a efetivação de contratos a termo, ao invés de vender a soja no mercado à vista. Geralmente, observa-se intensificação dos negócios envolvendo a soja em outubro, mas o volume da safra 2017/2018 comercializado até o final do mês esteve abaixo do registrado na temporada anterior, período em que as vendas antecipadas também estiveram fracas.

As cotações internas também foram impulsionadas pela valorização do dólar frente ao real. A moeda norte-americana teve média de R$ 3,195 em outubro, a maior desde julho deste ano. De um lado, o câmbio reduz o custo ao importador (em dólar) e de outro eleva o preço recebido pelo vendedor (em reais), o que elevou a liquidez externa no último mês.

Os embarques brasileiros seguem em volumes recordes. De janeiro a outubro, o Brasil vendeu 63,65 milhões de toneladas de soja ao mercado internacional, apenas 2,1% abaixo do estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para todo o ano de 2017. Especificamente em outubro, as exportações do grão somaram 2,48 milhões de toneladas, volume 41,8% inferior ao exportado em setembro; porém, mais que o dobro do volume embarcado em igual período de 2016, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Em outubro, os embarques de farelo de soja totalizaram 12,43 milhões de toneladas, crescimento de 9,7% em relação a setembro e de 76,1% frente a outubro de 2016. Na parcial do ano, de janeiro a outubro, porém, as exportações brasileiras do derivado ainda estão 1,1% menores que as do mesmo período de 2016.

Ainda segundo a Secex, os embarques de óleo de soja também estiveram mais aquecidos em outubro. O total foi de 115,6 mil toneladas, mais que o dobro do enviado ao exterior em setembro de 17 e em outubro de 16.

Como ficaram os preços?

A média do Indicador da soja Esalq/BM&FBovespa Paranaguá foi de R$ 71,47 por saca de 60 quilos em outubro, alta de 1,5% em relação a setembro e a maior desde julho de 2017. Já as cotações no Paraná avançaram 2,3% no mesmo comparativo, fechando em R$ 66,48 por saca, também a maior dos últimos três meses. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações da oleaginosa apresentaram aumento de 3,3% no preço pago ao produtor e de 2,5% nas negociações entre empresas.

Diante dos preços elevados da matéria-prima no Brasil e da dificuldade das indústrias em repassar a alta para aos derivados, devido ao consumo “da mão para a boca”, muitas indústrias reduziram o processamento neste ano. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), considerando-se o período de janeiro a agosto, o Brasil processou 21,66 milhões de toneladas de soja em grão em 2017, o menor volume desde 2007, cenário que impulsionou os preços de farelo e óleo de soja.

Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo de soja subiram fortes 5,2% entre setembro e outubro. Em 21 dessas 35 praças, a média de outubro foi a mais elevada nos últimos três meses, em termos nominais. De óleo de soja, os preços são os maiores desde janeiro, em termos reais, com média de R$ 2,753,19 por tonelada, posto na cidade de São Paulo com 12% de ICMS, em outubro.