Entram em vigor medidas do governo para destravar crédito rural

Ações de combate ao impacto da crise financeira no campo já somam mais de R$ 17,5 bilhõesAs medidas que prometem destravar o crédito aos agricultores entraram em vigor nesta segunda, dia 3. O governo elevou a parcela de recursos que deve ser aplicada no financiamento agrícola, tanto dos depósitos à vista quanto da poupança rural. A ação contra a crise no campo já soma mais de R$ 17,5 bilhões.

Existe a expectativa de que o governo anuncie mais uma medida de combate à crise nesta semana. A previsão é que na quarta, dia 5, após uma reunião entre os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, sejam liberados mais R$ 5 bilhões para uma nova linha de crédito voltada aos exportadores.

Duas medidas do Banco Central elevam a exigibilidade do crédito rural e prometem injetar mais de R$ 8 bilhões no sistema bancário entre novembro deste ano e junho de 2009. Uma delas se refere aos depósitos à vista. A parcela de recursos que deve ser destinada aos financiamentos agrícolas passa de 25% para 30%, totalizando R$ 5,5 bilhões.

A outra medida eleva a parcela descontada da poupança rural de 65% para 70%. Os recursos podem chegar a R$ 2,6 bilhões. O secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, garante que esse dinheiro vai chegar ao produtor.

? Caso as instituições bancárias não venham a aplicar, terão que recolher ao Banco Central a uma taxa remunerada zero, enquanto iriam emprestar a 6,75%.
 
Outras medidas contra a turbulência global

Nas últimas semanas, o governo anunciou também outras ações anticrise para socorrer a agricultura. Entre elas, a antecipação de R$ 5 bilhões do plano safra; o uso de mais de R$ 1 bilhão de fundos constitucionais nas regiões Norte e Nordeste; e o leilão de US$ 1,6 bilhão para financiar as exportações.

Houve ainda o repasse de R$ 500 milhões da poupança rural, já previstos no plano safra, para o Proger, que atende médios produtores; a liberação de R$ 350 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador para o Pronaf; e a ampliação do Programa Garantia de Preço Mínimo da Agricultura Familiar, que contará com mais 13 produtos e passará a permitir que dívidas de investimento sejam convertidas em produção.
 
Para a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as medidas chegaram tarde, porque o plantio da safra já começou.

? Talvez elas sirvam para a safrinha, ou então para dar liquidez a algum insumo já adquirido. A eficácia dessas medidas servirá para um futuro próximo ? diz o assessor técnico da Comissão de Crédito Rural da CNA, Luciano Carvalho.