A falta de propano está impedindo muitos agricultores de finalizar a colheita, já que eles não têm outra maneira de secar o milho rapidamente. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), cerca de 59% da safra do país foi colhida, porcentual pouco inferior à média dos últimos cinco anos, de 62%.
– Até que alguém encontre uma solução para esse problema do propano – ou até que tenhamos um clima ensolarado -, não há nada a fazer. Eu tenho contas a pagar, então gostaria de colher essa cultura para saber como estou financeiramente – disse Richard Syverson, um produtor de Minnesota. Ele interrompeu a colheita, porque não consegue obter o total de 1,5 mil galões de propano que necessita usar diariamente para fazer o secador de milho funcionar.
Os agricultores estão colhendo o que se espera que seja uma safra recorde dos EUA. A necessidade de propano é mais aguda de Dakota do Norte a Wisconsin, porque a parte norte do Meio-Oeste recebeu o equivalente a seis vezes a média histórica de chuvas no mês passado, obrigando os agricultores a secar mais espigas, que, por sua vez, estão mais úmidas do que o normal.
Em última análise, deve haver oferta doméstica de milho suficiente para manter os preços em geral estáveis, conforme analistas. Mas, se agricultores tiverem de deixar as plantas no campo ou armazenar grãos úmidos porque não podem conseguir propano suficiente para a secagem, a qualidade pode diminuir, pode ocorrer formação de mofo ou o milho pode apodrecer, reduzindo o valor do grão. A dificuldade de acesso ao propano deve ser um problema para os agricultores, salientou Tomm Pfitzenmaier, sócio da corretora Summit, em Des Moines, no Iowa.
– Isso vai atrasar o processo, mas não vai impedir o milho de ser colhido – disse.
Os futuros do milho para entrega em dezembro na Bolsa de Chicago caíram 1 centavo de dólar, ou 0,23%, para US$ 4,2725 por bushel na sexta, dia 1º, o menor fechamento para o primeiro vencimento desde 31 de agosto de 2010. O preço já diminuiu 39% em 2013 devido às previsões de safra recorde, apenas um ano após ter atingido a máxima histórica em virtude da pior seca em décadas nos EUA.
Enquanto isso, os preços do propano no atacado subiram para US$ 1,171 por galão na segunda-feira passada, acima dos US$ 1,008 por galão de um ano antes e perto da máxima em 18 meses, de acordo com a Administração de Informação de Energia (EIA) do governo dos EUA. O combustível, que é feito a partir do processamento de petróleo e gás natural, é usado para tudo, desde cozinhar alimentos até secar roupa.
Peter Fasullo, diretor da En Vantage, empresa de consultoria de energia de Houston, disse que os preços de propano também estão subindo porque as refinarias estão exportando mais. As exportações subiram para 9,1 milhões de barris em agosto, ante 4,8 milhões de barris em igual período do ano anterior, de acordo com os dados da EIA mais recentes. Fasullo disse que os preços do produto não devem aumentar ainda mais, mas irão “permanecer bastante firmes” por causa da demanda ligada ao milho.
A demanda dos produtores de milho ajudou a reduzir a oferta de propano no Meio-Oeste em outubro para o nível mais baixo em nove anos, de acordo com a estatal. Os estoques no Meio-Oeste em 18 de outubro totalizavam 23,6 milhões de barris, abaixo dos 27,4 milhões de barris disponíveis há um ano.
– Há oferta adequada de propano nos EUA. O problema é obtê-lo onde ele é necessário de forma suficientemente rápida – disse Roger Leider, diretor-executivo da Minnesota Propano Association, um grupo comercial de mais de 180 empresas.
Os fornecedores de propano estão correndo para levar o combustível para a região. Os governadores de Minnesota, Wisconsin, Iowa, Dakota do Norte e Dakota do Sul assinaram decretos que isentam motoristas de caminhão de limites sobre quantas horas podem dirigir por dia para que eles possam transportar propano mais rapidamente.