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AGRICULTURA

Escolas investem em campanhas sobre cultivo de alimentos saudáveis

Unidades de ensino nos estados do Amazonas e Rio Grande do Sul conscientizam alunos sobre importância da agricultura familiar e o benefício de seus produtos à saúde

Conhecida popularmente como “pão da Amazônia”, a mandioca desempenha um papel fundamental na região, sendo utilizada na fabricação de pé de moleque, salgados e bolos. Ela é frequentemente usada como substituta da farinha de trigo. A tapioca, uma iguaria popular no país, é feita a partir da fécula extraída da mandioca. Além disso, o tucupi, um caldo produzido a partir da raiz da mandioca, é empregado na preparação de pratos típicos da cultura local, como o famoso tacacá.

Na Escola Estadual Professor Benício Leão, em Manaus, um total de 431 estudantes do 5º ano do ensino fundamental teve a oportunidade de explorar diferentes alimentos feitos a partir da mandioca durante uma atividade educativa. Entre os alimentos apresentados estavam a farinha amarela e a tapioca, que foram saboreadas juntamente com açaí, integrando assim o cardápio da merenda escolar.

“Eles puderam ver tudo isso e degustar também. Tinha aluno que dizia que a mãe fazia aquele bolo, mas ele não sabia que era com mandioca”, explicou a nutricionista Dheysse de Lima, coordenadora da atividade.

O projeto em questão demonstrou um excelente desempenho durante a 4ª Jornada de Educação Alimentar e Nutricional do Programa Nacional de Alimentação Escolar, uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC).

Essa jornada reuniu diversas ações que visam promover a segurança alimentar e nutricional dos estudantes, sendo apresentadas durante o 2º Congresso Internacional de Alimentação Escolar realizado em Brasília nesta semana. A mandioca, também conhecida como aipim e macaxeira em algumas regiões do país, é um tubérculo que possui uma alta concentração de amidos. É cultivada pelas populações indígenas da Amazônia há mais de 9 mil anos.

Na atividade “A cultura da mandioca: protagonismo estudantil em projetos interdisciplinares”, organizada pela professora Zilda Andrade Ribeiro, a pedagoga Raimunda Nonata Brígida e gestora Luciele Oliveira da Silva, os estudantes da escola de Manaus aprenderam que a maior parte da mandioca consumida no país vem da agricultura familiar. A diretriz da educação alimentar e nutricional preconiza a cultura alimentar da região, os frutos regionais e os agricultores familiares.

“Eles [estudantes] pegaram uma sala de aula e fizeram um ambiente de visitação. Traziam outras turmas e faziam a apresentação. Assim sucessivamente, até totalizar todas as turmas da escola”, contou Lima. Ela afirma que, a partir dessa experiência, os alunos passaram a dar preferência aos produtos locais.

Redes sociais

Na cidade de Xangri-lá, localizada no estado do Rio Grande do Sul, uma iniciativa foi implementada com o objetivo de promover alimentos saudáveis entre os jovens: as redes sociais. Os estudantes do 6º e 7º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nayde Emerim Pereira receberam o desafio de criar anúncios publicitários para alimentos nutritivos, como banana, abacate, ovo, feijão e até mesmo água, com a mesma atratividade encontrada na televisão e na internet.

“Vamos usar a mídia para tentar chamar a atenção deles com vários recursos, como a gente vê hoje na televisão, na internet, com personagens, toda a questão de passar sensação de felicidade, para os alimentos que, às vezes, não são tão saudáveis. A ideia era mostrar os malefícios dos alimentos ultraprocessados, que os estudantes costumam comer fora da escola, mostrando o quanto é investido naqueles alimentos ruins para que eles pareçam bons”, explica a nutricionista do município, Juliana Favero.

Ela ressalta que a maioria dos alimentos escolhidos para o projeto já faz parte do cardápio da escola, mas os estudantes não entendiam os motivos de integrarem a merenda em detrimento de outros, como os ultraprocessados.

“Isso a gente faz geralmente no cardápio. Só que os alunos não tinham consciência de por que esses alimentos fazem parte do cardápio. Aqueles alimentos estão ali justamente por isso, porque precisam fornecer alimentação saudável e propiciar crescimento e desenvolvimento para eles”, disse a nutricionista.

Os cartazes feitos pelos jovens foram divulgados pela prefeitura nas mídias sociais do governo municipal. E a experiência, que envolveu 420 alunos, foi incluída no livro da jornada com base no tema “Escolhas saudáveis para além da escola: o que aprendemos com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)?”.

Segundo Juliana Favero, os alunos gostaram de ver a ideia deles sendo divulgada e perceberam as vantagens da alimentação equilibrada e saudável. “A gente notou essa percepção melhor de aceitação do cardápio e o envolvimento da escola”.

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