? Agora, com o que sobrou de gente, não dá para formar um time sequer. O campinho já virou lavoura, pastagem. Só restou a goleira para lembrar as peleias de antigamente. Não tem mais lazer. Nem bodega tem mais. A gente se diverte jogando cartas ? afirma Zenildo.
Ele e a mulher, Ida Maria Carminatti, de 64 anos, ficaram sozinhos na propriedade de 13 hectares. Com dois casais de filhos, não houve promessa que fizesse um deles permanecer lá. Para o caçula, Tiago, de 24 anos, o pai chegou a fazer três propostas. Disse que daria algumas vacas para começar, depois aumentou a oferta. Nada que persuadisse o rapaz a aceitar.
? Eu investi para ele estudar. Foi para Blumenau e não quer saber de voltar. Trabalha numa esquadria lá ? conta.
Os filhos mais velhos, Mirtes, Miriam e Ricardo, moram em centros urbanos.
? Eu achava que pelo menos um fosse ficar com a gente ? diz, triste, Ida Maria.
O casal está se desfazendo das vacas que ainda restam. O plantel de 20 animais foi vendido, as terras, arrendadas, e os dois pensam em ir para Blumenau.
? Linha Navegantes vai ficar na mão de dois ou três ? lamenta Zenildo.
Série de reportagens O Campo Envelhece, do Diário Catarinense, conquista Prêmio Esso de Jornalismo