Alceu e Isolda tiveram quatro filhos. Itamar morreu do coração três meses antes de se formar. Ivandro, de 33 anos, é técnico da Epagri. Fernandes, com 30, é mecânico em Concórdia e Nádia, aos 23, estuda. Com 39 anos de casamento, os dois estão acostumados a trabalhar juntos e sozinhos. Não querem mudar de vida e, muito menos, ouvir falar em morar na cidade, onde já estiveram e de onde não guardam saudade.
? Fico tonta, nervosa, é muito barulho em Pinhalzinho. Apesar de sofrida, a vida do campo é melhor ? diz Isolda, e Alceu concorda com a cabeça.
Separando as folhas de fumo, os dois fazem movimentos precisos enquanto explicam por que os filhos não se interessam pelo campo. O casal conta que não teve escolha diante dos próprios pais. Naquela época, contam, era quase uma obrigação seguir o exemplo. E foi o que fizeram.
? Hoje a cultura é deixar livre para escolher. Então deixamos eles caminharem com as próprias pernas. Quando vi, estava “solita” ? lembra Isolda.
Alceu é mais cético quanto à escolha dos filhos. Para ele, falta qualidade de vida no campo. A renda diminuiu, a terra na região é complicada de lidar. “Dobrada”, como diz, para explicar que é em declive. Os Moter também acabaram arrendando parte do terreno para trabalhar em apenas 3,5 hectares.
? O campo não dá mais dinheiro, por isso os jovens vão embora ? diz Alceu.
A comunidade, que tinha 74 agricultores em 1995, tem apenas 28 hoje.
Série de reportagens O Campo Envelhece, do Diário Catarinense, conquista Prêmio Esso de Jornalismo