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Especial - Migração de jovens do campo para a cidade faz o oeste de Santa Catarina encolher

O Oeste catarinense concentra 80% da agricultura de Santa Catarina. São 103 mil famílias de pequenos proprietários e 82 mil estabelecimentos rurais. Mas é ali, também, que se encontram nove das 10 cidades cujas populações mais encolheram de 2000 a 2009 no Estado, segundo o IBGE. Na região, 32% da população ainda vive no campo, mas, em alguns municípios, a redução no número de habitantes chega a 20% em apenas uma década.

Nas pequenas cidades do Extremo-Oeste, os jovens ficam distantes demais dos centros urbanos e preferem abandonar as suas propriedades a viver no isolamento, com renda insuficiente e um trabalho que não confere descanso.

O engenheiro agrônomo Claudio Luiz Morgan, técnico da Epagri em Nova Erechim, diz que 82% do movimento econômico do pequeno município de 3,5 mil habitantes vem da agricultura, principalmente da criação de suínos e aves. Ele destaca que, apesar de o centro da cidade ter toda a infraestrutura básica, com rede elétrica, telefone e água, e ser próximo das propriedades rurais, os jovens deixam suas casas por falta de renda.

Com 340 propriedades na zona rural, Nova Erechim tem uma média de 12,7 hectares de área para cada unidade, terrenos pequenos e acidentados, que não permitem produção em larga escala, mais rentável.

? Nós promovemos cursos de técnico agrícola para incentivar os jovens a estudar e a permanecer no campo, mas não deu certo. Quem estudou não quis mais trabalhar na agricultura. Algumas propriedades vão desaparecer em 20 ou 30 anos por causa da falta de sucessores ? estima Morgan.

Este é o principal temor de Clari Solivo, de 52 anos, e da mulher, Noeli Paniz Solivo, de 49. O casal tem três filhos. César, de 28 anos, saiu de casa aos 14 para estudar num colégio agrícola. Não voltou mais. Hoje ele é gerente da indústria de laticínios Tirol, em Boa Vista do Boricá (RS). Suzana, a filha do meio, de 26 anos, se casou e toca a vida ao lado do marido. A caçula, Simone, 24, se formou em Administração este ano, e está trabalhando em Chapecó.

? A gente tem um peão para ajudar. A juventude, hoje, não quer ficar no interior. Eles preferem fazer faculdade para ser empregados do que tocar o próprio negócio. Eu comecei do nada e hoje tenho a minha propriedade, consegui educar os meus filhos. Mas não tem jeito de fazer este pessoal jovem se interessar ? lamenta Clari.

A rotina de muito trabalho da propriedade ajuda a explicar por que os filhos procuraram alternativas. Às 5h, Clari já está em pé e não tem hora para deitar. Isso, numa propriedade de 7,2 hectares na Linha Barreira, Nova Erechim, na qual ela e o marido produzem leite, engordam frango, plantam milho para ração, mandioca, cana-de-açúcar e verduras para consumo.

? Nós estamos reformando as instalações da ordenha para dar menos trabalho. Com criação de animais não há descanso. Não temos férias nem folga no fim de semana ? descreve Clari.

Mesmo assim, o casal faz como pode para ter lazer. Clari joga futebol. É zagueiro num time de salão. E, com Noeli, frequenta bailes nas noites de domingo.

? A nossa vida é bem vivida. Dá para investir um pouco de dinheiro todo ano, deixar as coisas em dia e ter conforto. Mas não é a vida que os nossos filhos querem para eles. Aqui na vizinhança, a realidade é a de que todos os filhos estão indo embora ? lamenta o agricultor.

Série de reportagens O Campo Envelhece, do Diário Catarinense, conquista Prêmio Esso de Jornalismo

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