– Existe no fluxo de suprimento de café, especialmente do arábica, um contexto de acentuada escassez conjuntural – justifica.
Em sua análise, o pesquisador estima que as cotações do café devem continuar firmes, entre R$ 450,00 e R$ 550,00 a saca de 60 quilos, o que garante uma boa lucratividade para o cafeicultor eficiente. A perspectiva de bom desempenho econômico, no entanto, não será suficiente para atrair novos produtores.
– A terra está relativamente cara. Além disso, outras culturas também se mostram bastante atrativas financeiramente, como cana-de-açúcar e eucalipto – acrescenta.
Mesmo assim, o pesquisador observa que há uma “atratividade especulativa pelo café”.
– O café é um produto de elevada inelasticidade, que manteve suas cotações mesmo sob o impacto da primeira onda da ruptura financeira em 2008. O produto tem chances de se manter como boa reserva de valor quando não se encontra melhores alternativas – diz.
Outro fator de natureza estrutural que adiciona mais interesse ao café é a concentração entre produtores, tornando tenso o fluxo comercial.
– O importador não tem para onde correr, somente encontra café no Brasil ou no Vietnã, Indonésia e com muita, mas muita sorte, na Colômbia – aponta.
O pesquisador ressalta que o setor poderia aproveitar esse período de bonança para desenvolver políticas anticíclicas.
– Mecanismos como contratos de opção e a criação de um verdadeiro seguro para a atividade são algumas sugestões – afirma.
Vegro reforça, ainda, a necessidade de se estimular a agregação de valor ao café, na forma de produto de mais qualidade e também industrialização. Ele ressalta que o produto estará menos sujeito às oscilações de preço quanto melhor for a qualidade.
– O café de qualidade ficará “blindado” contra flutuações negativas, que vão ocorrer – prevê.
De acordo com ele, o mercado de café em dose veio para ficar.
– Esse segmento tem crescimento de dois dígitos – comenta.
Ele pontua ainda acrescentando que o café vendido como commodity não avança no mesmo ritmo.
– As indústrias embarcaram nesse tendência (mercado por dose), mudando o ciclo econômico do café – garante.