Especialista em economia rural aconselha produtores e empresários a evitarem pânico diante da crise

Organização das Cooperativas do Estado realizou fórum para esclarecer sobre os impactos da crise no setorEvitar o pânico foi o primeiro conselho do especialista em economia rural e professor da Universidade Federal do Paraná Eugenio Stefanello aos agricultores e empresários do agronegócio diante da crise financeira mundial. Nesta quinta, dia 9, ele proferiu palestra para executivos das cooperativas paranaenses sobre os impactos da crise internacional para o agronegócio no Fórum Financeiro e de Mercado promovido pelo Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná).

? Para evitar o pior, nada de pânico. Quem tem dívida em dólar não se desespere, fique como está. Nesse momento, o pânico pode ser a pior decisão, pois a taxa de câmbio deve voltar a um patamar mais confortável ? aconselhou.

Conforme Stefanello, o agricultor deve enfrentar a crise com a redução de investimentos e custos e adotar a venda parcelada da safra para conseguir um preço médio. A prioridade, disse o especialista, deve ser o pagamento de dívidas e a recomposição do fluxo de caixa. Às empresas do agronegócio e cooperativas, o conselho é o mesmo.

? Adequar os projetos de investimentos, fazer a comercialização mais espaçada, diversificar mercados e preparar-se para desarranjos no setor. É preciso reforçar o fluxo de caixa ? frisou.

Impacto no crédito rural
De acordo com Stefanello, a crise terá conseqüências diretas no crédito rural da próxima safra, entre as quais menos recursos em função da redução dos depósitos à vista e das exigibilidades bancárias; seletividade maior e prazos menores; aumento dos juros de mercado; atraso na liberação; limite oferta de crédito para a venda de insumos e a compra antecipada de produtos (CPR); menos crédito de comercialização e de exportação, entre outros. O aumento dos custos de produção é irreversível e deve chegar próximo a 20% no segundo semestre de 2009, como das taxas de juros, que devem ir de 9 a 10% para 12 a 22%.

Taxas básicas de juros
Um dos problemas da economia brasileira, explicou Stefanello, é a necessidade de atrair capital para rolar a dívida interna, para isso praticando uma taxa básica de juros de 7,1%, o que tem atraído capital especulativo e contribuído para a redução da taxa de câmbio. Os principais países desenvolvidos praticam uma taxa básica de juros de 0 a 2,5%, enquanto os melhores pagadores (com exceção do Brasil) praticam taxas de 2,95% ao ano.

Tendência nos preços
A crise financeira internacional também afetará os preços das commodities, mas não de forma dramática. Na soja, por exemplo, Stefanello não acredita que o mercado voltará a pagar US$ 16.7/bushel (melhor preço alcançado até hoje), mas também não deverá cair num valor insignificante. O trigo poderá ter seus preços ao produtor melhorado em função da falta de crédito de financiamento no mercado mundial, o que obrigará os moinhos a se voltarem para o produto nacional, aumentando a procura e, em conseqüência, os preços.