Especialistas apontam benefícios de pesquisas sobre alterações da base genética da soja em congresso em Mato Grosso

Evento realizado em Cuiabá encerra nesta quintaO desenvolvimento de pesquisas com alterações na base genética da soja terá papel importante no avanço da produção da oleaginosa no mundo, de acordo com pesquisadores norte-americanos. O assunto foi discutido nesta quinta, dia 14, durante o 6º Congresso Brasileiro de Soja, em Cuiabá (MT). Conforme o pesquisador da University of Illinois, Randal Nelson, a base genética da soja cultivada nos Estados Unidos e no Brasil é restrita, com elevado grau de parentesco entre as diversas cultivares utilizad

Ele afirma que tenta aumentar a base genética de germoplasma ao longo dos últimos 30 anos e pretende é melhorar a qualidade no campo, utilizando justamente esta coleção de germoplasma. Conforme Nelson, cinco linhagens ancestrais de soja vêm sendo utilizadas para aumentar a produção e a qualidade no que diz respeito a doenças.

O especialista apresentou alguns resultados dos estudos realizados na University of Illinois (EUA). Pioneiros nestas pesquisas, os norte-americanos desenvolveram nos últimos 15 anos, 22 germoplasmas de soja. Atualmente, 40 projetos estão em andamento. Destes, 90% usam genes exóticos ou adaptados. De acordo com o estudioso, o aumento da produtividade das plantas é uma das conquistas..

– O desafio maior é colocar estas linhagens no mercado comercial. Nos EUA, boa parte das variedades é desenvolvida por empresas privadas. A intenção principal é fazer parcerias com estas empresas, porque acreditamos que o material que temos vai ser muito favorável e pode ser aproveitado por estas companhias. Juntos, poderemos aumentar a taxa de produção dos EUA – afirma.

O leque de benefícios que podem ser gerados com este tipo de pesquisa é amplo e, segundo os especialistas, vai além do incremento de produtividade. Um exemplo é o estudo direcionado ao desenvolvimento de materiais com resistência ao ataque de algumas pragas e doenças, que pode ser uma peça-chave para o melhor desempenho em safras futuras. Membro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e também pesquisador da universidade, Glen Hartman falou sobre a tentativa de encontrar na alteração da base genética da soja a solução para problemas como a ferrugem asiática.

Ele acredita que em dois ou três anos, cultivares imunes a esta doença estejam disponíveis para os agricultores americanos. O objetivo é desenvolver mais variedades que resistam ao ataque do pulgão, praga ainda desconhecida nas plantações de soja no Brasil, mas que comprometem as lavouras norte-americanas.

– A ferrugem da soja, por exemplo, uma das doenças mais conhecidas, matéria de pesquisa, foi descoberta aqui no Brasil quatro anos antes dos EUA. Então, a possibilidade de esta doença que eles têm lá aparecer aqui também é grande. A cultura se adapta ao clima. Resultados que obtiverem nos Estados Unidos certamente poderão ser adotados aqui, caso a doença chegue – diz.

O pesquisador da Embrapa Soja Marcelo Fernandes de Oliveira lembra que o Brasil também realiza estudos com o germoplasma da soja e ressalta que a ampliação da base genética do grão pode oferecer vantagens ao homem do campo.

– Você pode trazer novos genes que estão relacionados à resistência a doenças e pragas. Quando aumenta a base genética de uma cultura, aumentam as chances de encontrar novos genes – pontua.