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Especialistas creditam falta de aprovação de projetos de crédito de carbono a falta de informação

Consultores de mercado explicam procedimentos básicos para quem pretende investir no ramoA última conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima estabeleceu um novo acordo para a redução dos gases do efeito estufa. Obrigou os principais países poluidores a diminuir as emissões e prorrogou o protocolo de Kyoto até 2017. As metas favorecem o mercado de crédito de carbono. Porém, no Brasil, muitas empresas não conseguem aprovar seus projetos. Especialistas afirmam que isso ocorre por falta de informação, uma vez que o negócio exige conhecimentos técnicos.

Conforme o consultor de mercado Caspar Benzik, uma tonelada de dióxido de carbono, o CO2, não emitido na natureza vale um crédito. Cada crédito, na cotação atual, cerca de seis euros ou R$ 20. Ele conta que ministra, inclusive, curso sobre o tema.

– Não tem no mercado brasileiro muito conhecimento sobre este assunto. Quando a pessoa pensa em crédito de carbono, pensa em algo que tem direito. Que conseguirá isso de forma fácil. Não tem idéia do que está por trás, do que precisa ser feito. Que precisam ser feitos investimentos – explica.

Para entrar neste mercado, os especialistas avaliam o potencial de uma empresa ou investidor, indicam o caminho que devem seguir e o projeto passa por auditorias que incluem a ONU. De acordo com Benzik, o processo é rigoroso e de alto custo. Somente na primeira etapa, exige investimento de R$ 300 mil e leva até dois anos para ficar pronto.

Ele acrescenta que há duas formas de investir em créditos de carbono. Pelo mercado compulsório, vinculado ao Protocolo de Kyoto, e pelo mercado voluntário, que tem uma cotação mais baixa.

– A partir de 10 euros, eu acredito que o projeto comece a ficar interessante. Com o pacote que foi feito em Durban, este mercado já deve retomar aos níveis entre 10 e 15 euros, que nós tínhamos em julho desse ano – avalia.

O Brasil já teve maior participação no mercado de crédito de carbono. Em 2007, os projetos das empresas e investidores brasileiros representavam 14% do mercado.  Hoje não são mais de 6%. O país tem 200 projetos.

Essa média só não caiu na China, que tem quase metade de todos os projetos aprovados pela ONU. No mundo inteiro são 3,2 mil. As empresas ligadas à geração de energia são as que mais investem. Centrais elétricas, principalmente. No Brasil, a suinocultura se destaca. O segmento detém 15% do mercado. Tudo por conta da tecnologia dos biodigestores, que transformam o metano dos resíduos dos animais em energia. Assim, não poluem o meio ambiente.  São projetos de grandes criações. Para ser viável, é preciso que uma granja tenha, no mínimo, 10 mil animais.

O consultor de mercado Carlos Delpupo faz o acompanhamento dos projetos em todas as áreas. Depois de aprovado, o investidor tem retorno a partir do primeiro ano. Com experiência de 10 anos neste mercado, ele diz que hoje o índice de aprovação dos projetos chega a 90%. 

– Se você não tem uma informação rastreável, tudo documentado, tudo certinho, você pode perder seu projeto. Então, a gente tenta identificar isso antes. É importante que quem queira entrar nesse mercado saiba que, uma vez que entrou em crédito de carbono, tem uma responsabilidade pelo tempo de vida do projeto, de sete ou mais anos – diz.

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