A dona de casa Lúcia Espíndola faz o que pode para não extrapolar o orçamento doméstico. Diariamente ela vai ao supermercado em busca de promoções. Quando a carne bovina está cara, a consumidora opta por um produto mais barato.
? Um dia eu compro peixe, às vezes compro galinha ou carne moída ? conta Lúcia.
A alta no preço dos alimentos tem sido atribuída à valorização das commodities. Quando o preço dos produtos exportados sobe, automaticamente no Brasil os alimentos ficam mais caros nos supermercados. Especialistas alertam que, para o consumidor brasileiro não ser mais prejudicado, o governo precisa investir na formação de estoques de produtos como arroz, feijão e milho.
Segundo especialistas que participam do evento na Conab, nos armazéns da companhia os estoques de milho e feijão acabaram. Armazenado, por enquanto, só arroz. O presidente da Conab, Wagner Rossi, garante que aos poucos os estoques serão repostos.
? O governo está trabalhando numa política de estoques, mas é claro que nós vamos atuar pontualmente em casos de aumento especulativo ? afirmou.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços dos alimentos subiram menos neste começo de mês. O reajuste na etiqueta das carnes bovinas, por exemplo, que antes era de 7,23%, ficou em 3,33%.
Doutor em Economia pela Unicamp, Guilherme Delgado afirma que o cenário ainda não é favorável. Ele acredita que a política de aumento dos juros não consegue barrar as influências externas.
? Há tendências externas e internas que, se não corrigidas por políticas econômicas, por um novo arranjo de comércio exterior, podem gerar tensões inflacionárias ? explicou.