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Notícias - Soja Brasil

Especialistas descartam chance de a China não comprar soja dos EUA. Entenda!

Analista de mercado e entidade nacional de exportadores afirmaram ser muito improvável tal embargo, mas não descartam a chance de a China não cumprir acordo que fez

Na última semana surgiram rumores de que o governo chinês havia dado uma ordem as empresas estatais de grãos de suspensão das compras de soja dos Estados Unidos. Isso não se confirmou, apesar de os veículos de comunicação que o noticiaram serem de grande reputação, mas as fontes que atestavam isso eram agentes de mercado e não oficiais. Para entender os riscos de um novo embate e os desdobramentos que isso traria, o Projeto Soja Brasil conversou com especialistas para trazer uma análise completa, confira abaixo!

O Soja Brasil entrou em contato com a consultoria Safras & Mercado e também com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) para entender se, na opinião deles, há alguma chance de a China vetar compra de soja dos Estados Unidos nesse momento.

A resposta foi unânime e aconteceu quase da mesma maneira, ou seja, antes de a pergunta terminar: “Não tem a menor chance”.

Segundo o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, é neste momento a China não faria um embargo como este, até por não ser bom para o próprio mercado. “Não acho que é possível a China pensar em não comprar soja dos Estados Unidos, isso não é conveniente para eles. Não há muito mais soja no mercado mundial para atender a demanda deles”, afirma Mendes.

Na mesma linha foi a resposta dada pelo analista de soja, Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado. “Não acredito que a China deixaria de comprar soja dos EUA agora. Isso não faz sentido, pois ela precisa do grão e o Brasil não consegue atender a toda a demanda que eles necessitam. Tudo isso pode ter sido um movimento político, um país pressiona o outro”, diz.

Acordo “Fase 1” em risco

Apesar de não achar possível um embargo neste momento, Gutierrez ressalta para a possibilidade de os chineses não honrarem o acordo (fase 1) que firmaram no fim do ano passado, se comprometendo a comprar US$ 32 bilhões de produtos agrícola a mais até 2021 (o volume base é de 2017). Não há, no entanto, nenhuma especificidade quanto ao volume de cada produto, inclusive a soja.

Mas olhando o históricos dos produtos a serem comprados dos Estados Unidos, os chineses normalmente compram 60% em soja. “Há tempo e quantidades de soja disponíveis para que os chineses honrem o acordo, mas não parece que eles devem cumprir. Aliás, a chance de não consumar está crescendo. Isso não quer dizer que não irão comprar soja dos norte americanos”, diz Gutierrez.

Para Mendes, seria mais interessante para o mercado se o chineses honrassem o acordo com os Estados Unidos, reequilibrando a relação mundial.

“Claro que se o Brasil se ficasse sozinho, venderia muito mais do que está vendendo. Mas os brasileiros conseguem ter boas condições para competir no mercado, então não há razão para não querer concorrentes. Com eles, já vendemos tudo e a bons preços”, afirma o diretor-geral da Anec.

E se os chineses bloquearem compras dos EUA?

Os dois especialistas também concordaram que se a China resolver não comprar soja dos Estados Unidos, isso só deve acontecer no fim do ano, a exemplo do que aconteceu em 2018, quando o embate começou.

Para a Anec, de fato o Brasil voltaria a se beneficiar do embate, afinal é o único país com quantidades de soja suficientes para atender uma demanda tão grande.

“Esse ano, mesmo sem o embargo, pode ser que o Brasil repita aquele bom resultado de 2018. Já temos praticamente 60 milhões de toneladas de soja já exportadas e ainda estamos na metade do ano. Temos mais 6 meses para exportar outros 20 milhões de toneladas e bater aquele recorde. Não estou dizendo que essa é a projeção da Anec, mas sim que há chance disso acontecer”, diz Mendes.

Em resumo, o diretor-geral da Anec acredita que se o acordo for mantido entre os países, o Brasil poderá fechar o ano com 75 milhões de toneladas vendidas, sendo que 73% vai para a China. “Se tiver novo embargo, as vendas podem ficar entre 78 e 80 milhões de toneladas, com 78% ou mais para a China”, afirma.

Gutierrez concorda com Mendes e ainda complementa dizendo que se o embate voltar a acontecer, a junção entre os preços em Chicago elevados, prêmios caros nos portos brasileiros e dólar valorizado podem trazer preços realmente elevados para os produtores do país. “Nada disso está previsto, estamos só tentando prever cenários futuros. O produtor tem que continuar de olho no mercado para aproveitar as oportunidades”, finaliza.

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