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Especialistas discutem reflexos do clima para agricultura

III Simpósio Internacional de Climatologia ocorre até esta quarta, dia 21, em Canela (RS)Os últimos cinco anos foram marcados por fenômenos extremos do clima no Brasil. No sul do país, houve a grande seca de 2004 e o ciclone Catarina no mesmo ano. Em 2005, a Amazônia foi atingida pela falta de chuva. Eventos mais recentes trouxeram enchentes que causaram a morte de 120 pessoas em Santa Catarina. O aumento da incidência destes casos preocupa meteorologistas e pesquisadores que calculam os prejuízos e as mudanças que eles devem trazer para a agricultura. Estas questões são temas de de

As loucuras do tempo mudaram o calendário do produtor rural Ezequiel Malinski. Ele planta hortaliças em Porto Alegre e sofreu com chuvas demais em agosto e setembro. Todo o trabalho de dois meses, durante o inverno, foi literalmente, por água abaixo. Agora, ele enfrenta o efeito contrário: falta umidade na terra para o plantio das verduras. O clima sempre ditou as regras na lavoura, mas nos últimos anos os extremos de seca ou de chuva parecem mais frequentes. A agricultura comprova com prejuízos o que os pesquisadores anunciam como uma certeza.

O mundo está mais quente, dizem eles. Em Canela, os especialistas mostraram dados oficiais, estudos de universidades e centros de pesquisa. Em todos eles, o aumento da temperatura aparece como uma evidência que deve mudar o cenário agrícola do país.

? A soja é uma cultura que pode vir a ser muito atingida no sul do Brasil por conta da combinação calor com deficiência hídrica. Agora, já está se trabalhando intensamente em cultivares que sejam mais adaptadas que isso. O que nós não podemos fazer é sermos adeptos da inação, ou seja, não fazer nada ? afirma o pesquisador da Embrapa, Eduardo Assad.

Os estudos apontam queda na produção de todas as culturas. No café arábica, por exemplo, os prejuízos podem chegar a R$ 882 milhões em 2020 e, 30 anos depois, em R$ 1,6 bilhão. De acordo com os especialistas, outro setor muito atingido deve ser a fruticultura de clima temperado. A redução nas horas de frio, no inverno, pode acabar com a produção de maçã das espécies mais comuns em Santa Catarina. O aumento da temperatura e a diminuição no volume de chuvas também preocupam nas áreas do semi-árido nordestino.

? É uma região onde vivem mais de 20 milhões de pessoas e muitos dependem da agricultura de subsistência. Então se espera, se não for feita nenhuma medida adaptativa, um aumento da insegurança alimentar, ou seja, indisponibilidade regional de alimentos, o que tem impactos obviamente na saúde, na nutrição, no crescimento infantil e assim por diante ? diz o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ulisses Confalonieri.

Os pesquisadores sugerem políticas públicas que orientem a população sobre os riscos diante das mudanças climáticas. Segundo eles, só assim será possível evitar tragédias como a de Santa Catarina, na maioria das vezes causadas pela ocupação desordenada em áreas de risco.

? Em termos de recursos hídricos, os impactos acarretam em torno de 5% a 6% do PIB brasileiro e isso traz, em anos como 2009, quase um comprometimento de 10% a 11% dos impostos que são gerados em regiões produtivas. Então, estamos falando de números expressivos num país como o Brasil, que está tendo uma atuação internacional importante, porém terá que trabalhar uma política de prevenção para que estes desastres não tenham impactos negativos, como está tendo até este momento ? afirma o professor da Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Mendiondo.

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