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Especialistas recomendam negociação entre bancos e empresas para restabelecer crédito

Fiesp não recomenda que companhias prejudicadas em operações com derivativos adotem ação judicialBancos e empresas devem fazer uma ampla negociação para que as companhias voltem a ter crédito. As empresas precisam demonstrar o tamanho do prejuízo que tiveram em operações com derivativos, até os bancos sentirem novamente tranqüilidade e voltarem a disponibilizar recursos financeiros. Esta foi a conclusão de alguns especialistas que participaram da reunião sobre os assuntos jurídicos dos derivativos na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Para se proteger contra flutuações do mercado, algumas empresas começaram a operar com derivativos, contratos que variam de acordo com a subida e descida do dólar. Enquanto a companhia opera com o intuito de proteção, o contrato não é especulativo. À medida que essa operação extrapola o limite do auxílio, vira um “jogo financeiro”, ou simplesmente uma aposta.

Na época da desvalorização do dólar, a maioria das empresas lucrou. O problema foi que com a chegada da crise financeira mundial, o dólar voltou a subir, causando perdas até bilionárias para as empresas que operavam com estes contratos. A Aracruz, por exemplo, liquidou quase todas as suas operações de derivativos de câmbio e teve perdas estimadas em aproximadamente US$ 2 bilhões. 

? Essa variação era plenamente previsível pelos empresários, de forma que eles não podem, neste momento, reclamar de alguma vantagem ou indenização, algum benefício em relação aos bancos que estão do outro lado deste contrato ? diz o jurista e professor da PUC Fábio Ulhôa Coelho.

Para resolver este impasse, a Fiesp não recomenda neste momento que as empresas partam para uma ação judicial ou utilizem alguma medida de arbitragem. A instituição sugere uma ampla negociação entre a indústria e o setor financeiro.

? O melhor caminho por hora é a negociação, e para isso vão ser convidados os bancos e os empresários interessados ? explica o presidente do Conselho Superior de Assuntos Jurídicos e Legislativos da Fiesp, Sydney Sanches.

Os bancos que temem o repasse de crédito para as empresas devem voltar a gerar liquidez para as companhias assim que sair algum acordo.

? Se as empresas conseguirem fazer um acordo com os bancos nesses derivativos acho que o mercado volta a fluir ? projeta o consultor Emilio Garofalo Filho.

Acionistas da Aracruz responsabilizam ex-diretor

Os acionistas da Aracruz decidiram abrir uma ação de responsabilidade contra o ex-diretor financeiro da companhia, Isac Zagury. O executivo, que apresentou pedido de licença do cargo no fim de setembro, é apontado como o responsável pelas operações com derivativos que levaram a Aracruz a registrar uma perda de R$ 2,13 bilhões assumida no início deste mês.

A decisão foi tomada em assembléia nesta segunda, dia 24. Na ata, os acionistas alegam que vão ingressar com a ação porque a Aracruz operou com derivativos com valores acima dos limites previstos na política financeira da empresa.

Compareceram à assembléia acionistas representando 96,5% do capital social votante. Os controladores da Aracruz são os grupos Votorantim e Safra e a família Lorentzen, que detêm, juntos, 84% das ações ordinárias da companhia.

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