– Os preços hoje apontam algo em torno de 40 reais. Isso é um caos, pois não cobre o custo de produção. Mas valores em torno de 45 ou 46 reais já permitem uma margem de lucro. Não é a necessária, mas pelo menos deixa uma margem de lucro para que o produtor possa pelo menos se manter – avalia o diretor administrativo e financeiro da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Nelson Piccoli em declaração à Agência Efe.
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De acordo com Piccoli, a queda no valor do grão está associada “mais por especulação de probabilidade de supersafra no mundo inteiro” do que por conta de um cenário real de alta.
– A gente acha que os preços sejam menores, mas não tanto quanto estão dizendo. A China continua demandando bastante compra, o mundo continua aumentando o consumo, os estoques internacionais estão baixos – avalia Piccoli.
Em relatório divulgado esta semana, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) ressaltou os baixíssimos resultados da soja, com uma produção de apenas 9,3% na média do Estado, o que reverteu os ritmo satisfatório das últimas semanas para um atraso anual de cerca de 18%.
O relatório, que inclusive fala em ressemeadura em grande parte do Estado, ressalta ainda uma possível melhora nos resultados do setor com um possível melhora nos índices pluviométricos na última semana de outubro, “quando na média histórica a semeadura deveria atingir mais de 50% da produção”.
Para Nelson Piccoli, os dados indicam uma necessidade de cautela do produtor, mas não é caso para pânico, já que “pelo menos 50% da safra o produtor tem condições de segurar para vender numa hora oportuna” e os preços em MT devem se estabilizar por volta dos 45 reais.
– O preço hoje, no mercado interno, está na faixa dos 52 reais. Trata-se de um valor 30% acima do ofertado para as safras futuras. Isso é um sinalizador de que o mercado interno poderá absorver um valor um pouco maior porque ele tem necessidade de esmagar soja – indica o diretor financeiro da Famato.
Segundo ele, o produtor brasileiro deve ter cautela na hora de comercializar e tentar segurar a produção para uma hora oportuna, tal como deve ocorrer entre os produtores dos Estados Unidos.
– O produtor americano está numa condição melhor de tal forma que ele pode reter a venda, porque o nível de endividamento dele é menor que o do brasileiro. Já aqui no Brasil a gente acredita que o produtor deva comercializar quando ele achar que o preço o satisfaz – completa Piccoli.