Foi o pai do agricultor Josué Marchetti que começou os negócios da família. Entretanto, as frutas que antes davam lucro, agora já não garantem a renda do produtor. Segundo ele, os preços pagos pelo produto final não aumentaram ao longo de quase 20 anos. Já o valor gasto para cuidar da plantação está cada vez maior. Resultado: ele decidiu vender uma parte da propriedade.
Colocar as terras à venda foi uma opção encontrada por Marchetti e por outros cerca de cem produtores rurais, ao longo dos últimos dez anos. A grande procura por imóveis em cidades como Indaiatuba, próximas dos grandes centros urbanos, faz subir o preço das terras. Na maior parte das vezes, o que antes eram plantações atualmente são espaços residenciais ou fábricas. O contínuo processo de urbanização preocupa os agricultores.
Na década de 1970, a economia da cidade era baseada na agricultura. A região ficou conhecida pela produção de tomate e uva. Hoje, o perfil é outro. No período de 10 anos, a população de Indaiatuba dobrou de tamanho. Porém, esse crescimento não teve reflexos no campo. Em 1990, existiam cerca de 900 propriedades rurais, hoje o número não chega a 600. Os investimentos ficaram mesmo na zona urbana.
Em menos de dez anos o número de indústrias pulou de 400 para 900. A expansão imobiliária surgiu como consequencia. Terras da região que tinham o hectare avaliado em R$ 5 atualmente são vendidas por valores que variam de R$ 30 a R$ 60. A tendência de menor participação da atividade rural em Indaiatuba parece não mudar tão cedo.
No fim das contas, para os agricultores que optam pela venda das terras, fica um só sentimento.
? Sinto mágoa. É uma tristeza pôr as terras para vender ? diz Josué Marchetti.