De acordo com a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, apenas 20% da produção no Sul foi repassada às indústrias até agora. No ano passado, nesse mesmo período, o volume vendido já chegava a 30%. O presidente da Câmara, Romeu Schneider, destaca que o câmbio desfavorável e a alta produtividade da safra, de cerca de duas toneladas por hectare, são os principais fatores para esse resultado negativo. A classificação tem sido usada pela indústria para baixar o preço pago ao produtor.
? Nos últimos 10 anos, as indústrias vinham sendo mais tolerantes na classificação. Como a diferença de preço entre uma classe de tabaco e outra é grande, o produtor é que acaba pagando pela desclassificação ? explica Schneider.
Em assembleia realizada em Santa Cruz do Sul nesta segunda, dia 21, cerca de cinco mil fumicultores discutiram o preço do tabaco nesta safra.
? Nós não estamos satisfeitos com aquilo que a indústria está fazendo conosco. Não aceitamos que as indústrias façam um acordo e depois não o cumpram. O produto é o mesmo ou até melhor que a safra do ano passado, mas o preço é menor ? disse presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Suln (Fetag), Elton Weber, durante o seu discurso.
Explicando a situação, o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner, citou no encontro a diminuição da arrecadação do município de Vale do Sol (RS), que produz cerca de 13,9 mil toneladas de fumo a cada safra. Se o valor médio fosse praticado, seriam arrecadados R$ 9,3 milhões. Entretanto, se o preço atual for praticado, essa arrecadação será reduzida em cerca de R$ 14,8 milhões.
? Vão faltar recursos para o comércio e para investimentos nos município ? encerrou Werner.