A paisagem dos Estados de Iowa e Illinois, no Meio-Oeste dos Estados Unidos é de lavouras de perder de vista. O Cinturão de Grãos promete colher safra recorde de mais de 100 milhões de toneladas de soja e acima de 350 milhões de toneladas de milho. O sol brilhou nas plantações norte-americanas neste ano, mas sem exagero. O clima colaborou com a produção.
– As chuvas vieram no tempo certo e o campo permaneceu verde em todo o verão. Nós não tivemos seca e nem temperaturas muito altas. Tivemos muitos dias de agosto na casa dos 20°. Isso foi muito bom e vai nós ajudar a ter uma grande colheita – comemora o agricultor americano Gordon Wassenaar.
Aos 78 anos, nascido e criado na região, Wassenaar conhece bem o clima e o comportamento das plantas. Cerca de um mês antes da colheita, ele diz que, mesmo se não chover mais, a safra já está garantida. O agricultor recebe mais de mil visitantes por ano na fazenda que era de seus avós. Desta vez, conversou com um grupo de produtores do Brasil. E, mesmo muito longe de casa, o agricultor brasileiro se sente à vontade quando pisa na lavoura. José Edivaldo Capel comprovou pessoalmente o bom desempenho da safra norte americana.
– Contei a quantidade de carreira e formação de grão da espiga. São 18 carreiras, o que se considera de alta produtividade. Com 18 carreiras dá uma produção muito grande e pelo tamanho da espiga, o tamanho do milho, pode produzir uns 220, 230 sacos por hectare – calcula o produtor brasileiro.
Os pés de soja também estão bem carregados. O diretor da Associação dos Sojicultores do Estado de Iowa confirma a previsão otimista para esta safra, com o dobro do rendimento obtido na comparação com o ano passado, quando o verão foi mais quente e seco.
– Eu acredito numa produtividade média de mais de 60 sacas de soja por hectare. O que é uma safra muito boa – diz Lindsay Greiner.
Na propriedade visitada, de 1780 hectares plantados, 1,5 mil são de milho e 280 de soja. Como os Estados Unidos fazem só uma safra por ano, a rotação de culturas funciona de uma maneira diferente. Eles costumam fazer quatro ou cinco anos seguidos de produção de milho e depois fazem um ano de produção de soja.
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A produção norte-americana de etanol de milho justifica a safra tão grande do cereal. Todo o milho que o agricultor Dennis Campbell produz se transforma em combustível.
– O mercado de etanol é muito atraente pra nós, porque produzimos quase três galões de etanol por bushel de milho. Quando nós olhamos o teor energético do etanol feito com o cereal e também as sobras da produção de combustível que são destinadas a alimentação de animais, temos uma grande receita. Não há subsídios federais, não há dinheiro do governo envolvido. É simplesmente uma atividade lucrativa para as empresas que produzem etanol aqui – esclarece Campbell.
Um bushel de milho equivale a cerca 25 quilos. Nos silos da fazenda de Campbell, a capacidade de armazenagem é 12,5 mil toneladas. Para eles, não basta ser eficiente na produção, também é preciso armazenar a safra. Assim, é possível esperar pelo melhor momento para vender o produto.
Tudo que é produzido na propriedade fica armazenado nela. Os agricultores norte-americanos têm a vantagem de dispor de todo o sistema de armazenagem, porque a empresa que compra o grão paga um prêmio de US$ 0,60 pela saca que fica armazenada na fazenda, num período de seis meses.
– Os armazéns aqui me chamaram a atenção, porque em fazenda ter isso aí, né. Isso é bom, porque eles guardam a mercadoria deles aqui, e não tem este problema de fila, de estrada. Guarda aqui com vantagem, porque no final eles ganham alguma coisa por armazenar o grão na fazenda – considera o produtor brasileiro Antônio Carlos da Cruz.
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