Esteio: Fórum Soja Brasil ajuda a traçar estratégia para esta safra

No segundo evento do ano, pesquisadores, executivos, políticos e produtores debateram os possíveis desafios para uma safra com alta produtividade

Daniel Popov, de São Paulo
Mais uma vez o Fórum Soja Brasil conseguiu unir em um único evento as melhores e mais esclarecedoras palestras sobre o destino que tomará a nova safra. Puxado pelo clima de festa da Expointer, o evento recebeu mais de 100 participantes, que não só ouviram atentamente como participaram do debate através de perguntas, também enviadas pelos internautas e telespectadores que acompanharam tudo pelo site do Canal Rural.

O evento foi aberto com uma palestra interativa da diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani, que tratou sobre os cuidados necessários para garantir a eficiência das biotecnologias. Segundo ela, poucas tecnologias tem sido lançadas e os agricultores precisam cuidar das existentes. “Fazer o refugio é muito importante para que os insetos tolerantes a inseticidas se encontrem com outros que não são, gerando assim insetos não tolerantes, e preservando a tecnologia”, contou ela.

Em seguida, o especialista em solo e pesquisador da Embrapa, José Eloir Denardin, com o tema “Manejo de solo para a alta produtividade”, destacou que a produtividade da soja brasileira está estagnada há pelo menos 15 anos e o pior, não chega nem nas 50 sacas por hectare na média, como vem sendo divulgado em massa. “A falta do manejo adequado do solo é a principal razão que contribuiu para esta estagnação”, garante Denardin. “É preciso mudar isso e garantir uma rentabilidade maior para continuar viabilizando a soja.”

Para Dirceu Gassen, pesquisador e consultor agropecuário, o Brasil precisa cuidar muito bem da soja, já que ela é o maior e mais valioso ciclo econômico do país, superando o café, a borracha e o ouro inclusive. “A soja carrega o Brasil nas costas e ainda assim os custos não param de crescer e dificultar quem a produz”, afirmou Gassen durante a sua palestra. “O agricultor também precisa investir no manejo para que a produtividade aumente e sua margem de lucro.”

Falando em altas produtividades, a palestra seguinte com Nery Ribas, diretor técnico da Associação dos produtores de soja do Brasil (Aprosoja Brasil), retratou os resultados do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja do CESB – Safra de 2015/2016, quando o produtor paulista João Carlos da Cruz conseguiu colher 120 sacas por hectare. “Queremos um incremento de 10% na produtividade da soja dos participantes do CESB até 2020. Por isso temos que trabalhar duro para levar aos produtores as informações necessárias para conseguirem ampliar os ganhos”, diz Ribas.

O quinto painelista, Éder Martins, geólogo e pesquisador da Embrapa foi um dos mais esperados pelo publico com o tema “Técnicas de rochagem”. Segundo ele, o Brasil possui solos muito pobres de nutrientes, por serem bastante explorados pela agricultura e também porque, em geral, são muito lixiviados. Para compensar este gargalo os produtores gastam bastante dinheiro anualmente com fertilizantes e isso impacta diretamente na margem de lucro do produtor. É ai que entram os remineralizadores, ou como são popularmente conhecidos, o pó de rocha, que se trata de uma rocha moída e peneirada que tem a função de melhorar a qualidade física e química do solo. “A rochagem não vem para substituir os fertilizantes, mas para complementar, reduzindo os custos”, garante Martins. “A vantagem é que esse pó fica na terra e não é levado junto com a água de chuva, como os fertilizantes.”

Por fim, foram apresentadas as vantagens do conhecimento prévio por parte do produtor a respeito do clima e como isso poderá ajudar na redução das perdas de produtividade. Segundo Rodrigo Yoiti, coordenador de pesquisa em agrometeorologia na Fundação ABC, esse conhecimento pode ajudar o produtor a não comprar insumos errados, por exemplo, ou não plantar em determinado período, reduzindo os gastos desnecessários. “Entender as condições de clima são importantes para o produtor se programar a curto e médio prazo”, diz ele.

Presente no evento, o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, afirmou que os sojicultores brasileiros tem muito a fazer para evitar os altos endividamentos, baixa rentabilidade e estagnação da produção. Uma saída apontada pelo executivo é a união dos produtores, seja em parceria, seja em cooperativas para tentar reduzir parte dos custos. “O setor precisa se unir para juntar força e lutar juntos”, finalizou da Rosa levantando a plateia.