Considerando um custo total de produção de US$ 766,00 por hectare na soja, a entidade calculou que o produtor pode perder cerca de US$ 94,00 por hectare, o que somaria uma perda de US$ 1,74 bilhão. No caso do milho, a perda por hectare seria de US$ 167,00, com queda do rendimento de 6,5 mil quilos para 5,5 mil quilos por hectare. A lavoura de milho está estimada em 4,4 milhões de hectares, com um custo ao produtor de US$ 1,2 mil por hectare. Nas projeções da entidade, o produtor do cereal sofrerá uma perda de US$ 734,8 milhões. O total do prejuízo de ambos os cultivos seria de US$ 2,48 bilhões para o produtor.
A combinação de menores preços em relação à safra anterior com a seca pode provocar uma queda nas exportações de entre US$ 3,5 bilhões a US$ 6 bilhões, conforme cálculos de diferentes consultores do país. Esta é uma das principais razões para que o governo não abra exceções ao novo esquema de controle das importações que passa a vigorar a partir de primeiro de fevereiro. Nas contas da Secretaria de Finanças do Ministério de Economia, o governo precisa manter o superávit comercial entre US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões.
– A quebra da safra é uma forte perda para o comércio exterior, que não tem modo de compensação através de outros produtos – explica o analista da consultoria Finsoport, Jorge Todesca.
O final de semana foi de chuvas, mas em volumes insuficientes em várias regiões. Todesca afirma que ainda é prematuro fazer uma avaliação definitiva da situação. Mas, com base em informações de mercado, ele disse que é possível esperar que a colheita de grãos caia 11 milhões de toneladas em relação às estimativas de dezembro.
– Do ponto de vista do comércio exterior, essa mudança de perspectivas significa passar de um total exportado de U$S 29,84 bilhões para U$S 26,26 bilhões. Ou seja, um retrocesso de US$ 3,57 bilhões – estima o economista.
No que diz respeito à arrecadação do Estado pelos impostos às exportações dos principais produtos, poderia haver uma diminuição de mais de US$ 1 bilhão conforme o tamanho da perda das lavouras. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou, na semana passada, que a colheita total de grãos da Argentina em 2012 retrocederá dos 100,9 milhões de toneladas para 94,6 milhões de toneladas. O cultivo da soja cairia de 48,9 milhões de toneladas para 45 milhões e o de milho, de 23 milhões de toneladas a 21,5 milhões.
Para o analista da consultoria Econviews Miguel Kiguel, embora os preços das commodities tenham se recuperado nos últimos meses, ainda se encontram em torno de 15% abaixo do verificado na última safra.
– Somando a queda dos preços com uma redução em torno de 5% dos volumes, as vendas externas do setor poderiam chegar a US$ 6 bilhões menos que na safra anterior – diz Kiguel.
Estudo publicado pelo Banco Ciudad afirma que as exportações de soja sofreriam uma queda de US$ 3,2 bilhões e as de milho, de US$ 2,1 bilhões, um total de US$ 5,3 bilhões.