Apesar de positiva, a notícia não chega a ser comemorada pelo setor produtivo, porque a estiagem causa prejuízos ainda maiores, como a quebra de produção. Nesta quinta, dia 12, a Emater estimou perda de 1,5 milhão de toneladas na produção de soja no Rio Grande do Sul, para 8,75 milhões de toneladas, ante as 10,3 milhões revistas inicialmente. Já o Departamento de Economia Rural, da Secretaria e Agricultura do Paraná, reduziu a estimativa para a produção da oleaginosa no Estado de 14,15 milhões de toneladas para 12,73 milhões.
– Por enquanto, pode-se dizer que estamos caminhando para terminar o ano com o menor número de focos (de ferrugem). Mas, infelizmente, a seca é o fator que está levando a isso. Seria preferível ter ferrugem, que dá para controlar, do que perdas na produção. Então, não é exatamente algo a ser comemorado – disse o pesquisador da Embrapa Soja e integrante do consórcio Rafael Soares.
Segundo os números divulgados pelo consórcio, a safra com menor número de focos até agora foi a 2010/2011, com 706. O recorde aconteceu em 2008/2009, com 2,88 mil casos da doença. Mato Grosso lidera o número de focos, porque o principal produtor não teve problemas com o tempo quente e seco como Paraná e o Rio Grande do Sul, apresentando, portanto, melhores condições para o fungo se desenvolver. Ainda assim, a doença surgiu em uma fase de desenvolvimento da planta mais adiantada, em geral a partir do enchimento de grãos, o que explica o menor número de focos em relação a anos anteriores, segundo Soares.
Entretanto, a rápida disseminação da doença preocupa no Estado. Principalmente com o avanço da colheita, que começou na semana passada. Isso porque os trabalhos fazem com que o fungo se alastre pelo ar e seja dispersado pelo vento, como explica o gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Luiz Nery Ribas. Além disso, as chuvas dificultam as aplicações de fungicidas.
– Ainda não dá para quantificar perdas, mas já temos notado algumas. Houve uma antecipação de 20 dias em relação ao ano passado, quando o primeiro foco foi registrado oficialmente em 21 de janeiro. A palavra chave desde o início é monitoramento – disse.