Estiagem deve prejudicar 70% da safra de milho em Goiás

Pelo menos sete cidades decretaram situação de emergência para amenizar prejuízo dos produtores rurais

A estiagem de mais de dois meses que prejudicou o desenvolvimento do milho segunda safra em Goiás pode gerar a quebra de até 70% no leste do estado, o que vem deixando alguns produtores sem capital para investir na próxima safra de soja. A situação crítica já fez com que sete municípios do estado decretassem estado de emergência.
Com a quebra, os produtores terão problemas até para entregar a produção negociada antecipadamente. A expectativa, porém, é de que o decreto de emergência ajude nas negociações.

“Um documento da prefeitura dizendo essa situação pode nos ajudar a renegociar uma dívida, até com as próprias empresas particulares. Que pode ajudar a termos um prazo mais prolongado pra gente buscar recursos. O que estamos buscando é isso”, disse o produtor rural Manoel Caixeta, de Silvânia (GO), uma das sete cidades onde o estado de emergência foi decretado.

Manoel plantou 270 hectares e investiu R$ 500 mil na lavoura. O produtor possui um seguro para 100 hectares em números redondos, onde serão pagos 60% da expectativa. Então, segundo ele, a expectativa é de que entre em caixa R$ 135 mil, o que diminui o prejuízo para cerca de R$ 350 mil.

“Se eu colher 2,5 mil sacos é muito. Falo isso porque tem aquelas baixadas, partes mais úmidas que acaba dando alguma coisa. Isso não dá pra pagar às vezes nem a colheita, mas eu tenho que passar a máquina. Tenho que desocupar a terra”, lamentou.

Abaixo da expectativa
De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), a expectativa no início da safra era de colher oito milhões de toneladas de milho no estado. Agora, este número deve cair em 40%. “O produtor está descapitalizado, vai ficar descapitalizado. Ele pode comprometer porque ele usava os recursos dessa segunda safra pra planejar a próxima safra. Infelizmente esse ano a gente tem essa dificuldade e a safra fica um pouco comprometida na compra de insumos”, analisou o vice-presidente da Faeg, Bartolomeu Braz.