Agricultura

Estiagem em SC: prejuízo na agricultura é superior a R$ 3,7 bilhões

Segundo a Epagri, em termos econômicos, a cultura agrícola mais atingida até o momento é a soja primeira safra, com perdas superiores a R$ 1 bilhão

A estiagem que atinge Santa Catarina desde o ano passado já causou prejuízo superior a R$ 3,7 bilhões à agricultura do estado. O valor representa o somatório das perdas verificadas até o momento nas lavouras catarinense de milho (grão e silagem), soja e feijão primeira safra. Os dados são da Epagri/Cepa. De acordo com o levantamento, milho, soja e feijão são as culturas mais prejudicadas pela falta de chuva.

Em termos econômicos, a cultura agrícola mais atingida até o momento é a soja primeira safra, que já soma prejuízos de R$ 1,5 bilhão. Segundo Haroldo Tavares Elias, analista da Epagri, 21,6% da safra está comprometida, o que significa 551,6 mil toneladas a menos na colheita. A estimativa Inicial da Epagri era de que o estado colhesse 2,5 milhões de toneladas de soja na primeira safra, mas, com as perdas previstas, o total colhido deve ficar em pouco mais de 2 milhões de toneladas.

No caso do milho grão, o prejuízo para economia catarinense é de R$ 1,4 bilhão até o momento, causado por uma perda de 936,2 mil toneladas do grão, o que representa uma quebra de 34,5% na safra. Os dados referem-se à primeira safra de milho grão do estado, explica Haroldo. Segundo o analista, o total produzido deve ficar em 1,7 milhão de toneladas, ante uma estimativa inicial de 2,7 milhões de toneladas.

Estiagem em Iporã do Oeste, Santa Catarina. Foto: Aleisson
Estiagem em Iporã do Oeste, Santa Catarina. Foto: Aleisson Ludtke/Epagri

O analista da Epagri/Cepa explica que a perda de milho grão é muito impactante para o estado que é grande produtor de carne suína e de aves, animais que se alimentam basicamente do cereal. Segundo ele, o consumo anual de milho grão em Santa Catarina é de 7,3 milhões de toneladas, o que vai forçar a compra de outro estados e países.

Milho silagem e feijão

A milho silagem é o que teve maior perda em volume. A estiagem vai fazer que o estado colha 2,9 milhões de toneladas a menos. O prejuízo é de R$ 627,5 mil. Em termos percentuais, a perda chega a 31,8%.

A primeira safra de feijão é outra que sofre com a pouca chuva em Santa Catarina. Até o momento, a estimativa de produção é de 53,1 mil toneladas, ou seja, 15,3 mil toneladas a menos do que o estimado incialmente, uma quebra de 22,4%. O prejuízo previsto é de R$ 63 milhões.

Haroldo lembra que as estimativas atuais são referente a levantamentos feitos até janeiro. “Esses números podem aumentar, já que a seca continua”, alerta o analista.

Segundo o setor de meteorologia da Epagri/Ciram, o estado deve finalizar o mês de fevereiro com chuva insuficiente para mudar o quadro da estiagem, que atinge principalmente as regiões oeste, meio-oeste e extremo-oeste. A equipe prevê que pelo menos até abril o clima se mantenha seco em Santa Catarina, com chuva abaixo da média e mal distribuída em todas as regiões.

Para mitigar os feitos da estiagem, o governo estadual lançou no ano passado o Programa Mais Solo e Água, que financia investimentos nas propriedades de agricultura familiar para construção de cisternas e outros equipamentos de armazenamento e distribuição de água. Quem já acessou o programa está conseguindo superar o momento difícil.