A falta de chuvas em regiões produtoras de milho segunda safra de Goiás já compromete o potencial produtivo das lavouras, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado (Aprosoja-GO). Em nota, a entidade diz que na região de Rio Verde e Jataí o potencial caiu 30%.
A estimativa leva em consideração as lavouras cultivadas fora do período ideal de plantio. Como a semeadura da soja atrasou em Goiás, 30% das lavouras de milho segunda safra foram semeadas fora da janela apropriada, o que aumenta os riscos.
Para o presidente da associação, Bartolomeu Braz Pereira, a situação preocupa o setor, porque produtores usam os recursos da safrinha para comprar insumos e investir na tecnologia do plantio seguinte.
Conforme a Aprosoja, não chove no estado há 20 dias e a previsão é de que as precipitações esperadas para o fim do mês serão irregulares e de pequeno volume.
Bloqueio atmosférico
A estiagem em áreas produtoras de milho segunda safra permanece pelo menos até a próxima semana, afirmou o agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Somar. Um bloqueio atmosférico impede o avanço de frentes frias em áreas do Sudeste e Centro-Oeste do país.
A situação é mais crítica nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Já em algumas áreas de Mato Grosso, sul de Mato Grosso do Sul e Paraná pode haver pancadas de chuva isoladas e de baixa intensidade, informou Santos. Grande parte das lavouras de milho no Brasil está em fase de pendoamento, estágio em que a planta precisa de muita umidade.
“E não há previsão de chuvas para os próximos dez dias sobre a grande maioria das áreas produtoras da safrinha”, afirmou Santos.
Além da falta de umidade, as temperaturas também estão elevadas, o que pode afetar as lavouras. “Tanto as máximas quanto as mínimas estão bem acima da média histórica para esta época do ano”, disse o agrometeorologista.
Segundo a Somar Meteorologia, pode voltar a chover de forma mais consistente no fim deste mês, após o dia 25, e maio deve ser mais chuvoso que abril. Mesmo assim, os volumes não devem se igualar aos observados no ano passado, quando choveu em abril, maio e em junho no Centro-Oeste.
Como houve atraso no plantio da segunda safra de milho, por causa do atraso na safra da soja, o estágio de desenvolvimento das lavouras não é uniforme.
“Estive no Paraná esta semana e vi muito milho novo. Talvez essas áreas plantadas mais tarde, perto do fim de março, possam receber chuvas em maio e ser beneficiadas”, contou Santos.