Produtores estão preocupados com a data que vão iniciar o cultivo do milho segunda safra; outros produtores optaram pelo algodão ao invés da soja
Ricardo Cunha | Campo Verde (MT)
O clima não dá trégua aos produtores de Mato Grosso. Depois dos problemas no início do plantio, agora é a segunda safra que está ameaçada pela falta de chuva.
• Adubação por sistema garante economia e melhora produtividade
O agricultor Leandro Cadore já perdeu as esperanças em relação à safra deste ano. Colheu 110 hectares que plantou em outubro do ano passado. Nos outros 780 hectares, a colheita só deve acontecer em fevereiro. Ele está pagando um preço alto pelo atraso no plantio e, também, pelos 21 dias de falta de chuva.
– Foi perda em área arenosa, tanto que tive que plantar milho em cima sem colher, sem passar máquina. Em torno de 13% da área foi plantado milho sem colher – diz.
Para piorar ainda mais a situação, o agricultor ainda não a plantar a segunda safra, ele acredita que o milho pode ter problemas.
– Nós vamos plantar o milho safrinha fora do período normal e vamos ter uma perda, com certeza. Perda de 20% a 25%, sem contar se o tempo voltar a chover. Se chover em maio, ainda tudo bem, mas a perda pode ser maior do que estamos esperando – afirma Cadore.
O sojicultor Diógenes Seron plantou soja em setembro. Arriscou o cultivo em um período bastante seco e, mesmo assim, não conseguiu se livrar dos problemas da estiagem de janeiro. Ele deve colher, em média, 57 sacas por hectare, cinco a menos que em 2014.
– Está em queda em relação ao ano passado. A soja sofreu naquele período seco, mas ainda foi satisfatória. Ainda hoje a gente vê que valeu a pena ter plantado a soja no período de setembro para colocar o algodão – explica.
Toda a expectativa do produtor é com a safra que ainda está plantada. Aparentemente, parece que vai ter uma boa colheita. O problema agora é como será o milho segunda safra.
– Eu sempre planto o milho no final de janeiro. Este ano, vou iniciar depois de 05 de fevereiro e, de repente, vou entrar plantando no início de março – comenta.
Outra cultura de segunda safra que também vai correr risco na propriedade de Seron é o algodão.
– O algodão vai ficar em um período com risco maior, vai entrar no início de fevereiro plantando. O risco é de falta de chuva no ciclo do algodão – pontua o sojicultor Diógenes Seron.
Em Campo Verde, Mato Grosso, alguns produtores abriram mão da safra de soja este ano. Como no início do planto o mercado da soja não estava favorável, os agricultores tinham compromisso com as indústrias e optaram pelo cultivo do algodão.
É o caso do produtor Adair Rocha, que plantou 80 mil hectares com algodão de verão. Ele reconhece que, na época, foi a melhor opção, mas hoje está em dúvida se a escolha foi boa. Afinal de contas, deixou de fazer o giro com uma safra de soja.
– Na situação que está eu diria que dava para ter arriscado na soja, pois o preço está bom. Só que naquela época não tinha uma perspectiva boa. A melhor coisa era o compromisso do algodão – justifica.
Clique aqui e veja o vídeo da reportagem.