– O impacto será forte se a quebra se confirmar, mas é preciso esperar até janeiro. Então, pode melhorar ou piorar – observa o economista da Fecoagro, Tarcísio Minetto.
Em Bagé, na região da campanha, já há produtores desistindo de comprar máquinas e implementos agrícolas. O agricultor Élio Coradini Filho planejava adquirir três novas plantadeiras, mas adiou o investimento de R$ 280 mil. Diante da estiagem, as vendas já caíram 60% em uma loja especializada em máquinas de Bagé. O gerente Darci Sberse afirma que as boas perspectivas da safra de arroz o fizeram acreditar que negociaria 18 plantadeiras. Até esta terça, dia 27, havia vendido apenas 10 unidades.
Apesar da chuva que caiu nos últimos dias, a situação é delicada no campo. Na região de Passo Fundo, segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), há municípios com quebra de até 90% no milho. O problema tem se espalhado com rapidez na metade norte do Estado e já levou 25 municípios a notificar a Defesa Civil.
Produtor perde 70% de 15 hectares de milho
O cultivo do fumo também preocupa. Só em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, onde não chove forte há pelo menos 90 dias, as perdas estimadas chegam a R$ 42 milhões. Em Bagé, a perspectiva de redução de 41% da área plantada de arroz retém investimentos.
Há 21 dias atrás, o produtor de Cruz Alta Alberto Durigon, 46 anos, evitava estimar prejuízos na lavoura de milho. Ele apenas lamentava a falta de chuva na fase mais delicada, a de florescimento e enchimento de grãos. Agora, a realidade é outra. O mesmo milharal onde antes o verde predominava está completamente seco e amarelado. Em 150 hectares, as perdas se aproximam de 70%, o que significa prejuízo superior a R$ 90 mil.