A produtividade nacional da soja foi menor nesta safra 2018/2019, muito por culpa do clima. Mas o resultado final pode não ser tão ruim assim, pelo menos na estimativa realizada pela consultoria Agroconsult, após percorrer mais de 1,3 mil propriedades de todo o país, com o Rally da Safra. Segundo o consultor André Pessôa, o Brasil deve colher 118 milhões de toneladas, uma das maiores projeções realizadas até o momento, inclusive bem acima da realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 113 milhões de toneladas.
Os problemas climáticos marcaram a produção do país nesta temporada, como a estiagem em regiões importantes como Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia e Piauí. Juntos estes estados registraram quase 10 sacas a menos por hectare.
A média nacional de produtividade de soja caiu para 54,6 sacas por hectare, ante as 57,9 sacas do ciclo anterior. Aumento só no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os dados foram divulgados pela consultoria Agroconsult, após o Rally da Safra, que percorreu 1.315 lavouras.
“É uma safra de contrastes. Começou muito mal e terminou muito bem. Mesmo dentro das regiões que tiveram adversidades de clima. Tem produtor que sofreu mais que outros. Alguns apostaram em um manejo melhor de palhada e conseguiram reduzir os impactos do clima. Foi uma safra melhor do que se imaginou no começo da colheita”, afirma o consultor André Pessôa.
E a próxima safra?
Nesta safra 2018/2019 o Brasil aumentou a área de soja em 2,5%, chegando a 36 milhões de hectares, segundo dados da Agroconsult. Mas será que o país conseguirá manter um crescimento parecido para 2019/2020?
“Acredito que a área para a próxima safra (2019/2020) será maior, mas não muito. Há uma preocupação dos produtores porque os custos continuam elevados. A relação de troca, está três ou quatro sacos pior que a safra anterior. Então vou precisar comprometer mais soja da minha safra atual para plantar a safra que vem”, diz Pessôa.
A indústria de insumos já percebeu que os produtores estão receosos em relação aos custos. “A gente vê que no começo da colheita, em algumas regiões, eles estavam preocupados com a perda de 10 sacas por hectare. A gente vê que depois de uma safra dessa eles devem se planejar melhor para a próxima”, afirma o líder de novos negócios Corteva, Christian Pflug
Para ter acesso ao que é necessário para plantar, muitos produtores irão precisar de crédito. Aliás, a produção de soja é o maior cliente dos subsídios do governo, que garantiu o benefício.
“Queria tranquilizar o produtor rural sobre as especulações de tirar o Banco do Brasil do crédito, Isso até pode acontecer um dia, mas não esse ano. Será algo gradual, sempre dando preferência a quem mais precisa”, afirma o secretário de política agrícola, Eduardo Marques.