Há mais de 40 anos as lavouras do interior da província de Buenos Aires não eram atingidas desta maneira. Houve uma situação parecida em 1961, mas não foi tão grave quanto agora.
? Está muito complicado, porque viemos de um inverno seco, de uma primavera seca e o verão também está seco ? diz o capataz de uma fazenda.
No município de San Miguel Del Monte, por mais que alguns pés de soja tenham crescido, os grãos não se desenvolveram nas vagens. Produtores calculam que a quebra passa de 60%. Com a terra rachada, o cenário é ainda mais desolador.
? Eu diria que a colheita está perdida. O que nós sabemos é produzir, mas neste momento, não podemos ? lamenta uma agricultora.
Desta região saem 80% da produção agrícola e pecuária do país. Mas por lá o gado procura e não encontra mais pasto no campo. O que restou está na beira das estradas.
Os pecuaristas estão preocupados com o que vai acontecer nos próximos meses, e a previsão não é nada animadora.
? De 100 cabeças que eu tenho, 20% não vão sobreviver ao inverno. A chuva não vai reverter a situação totalmente, não pode nos dar um pouco de ar para nos prepararmos para o inverno, que vai ser duro ? diz um criador de gado.
A expectativa é de que a produção de grãos possa cair até 20% em 2009. O governo argentino declarou situação de emergência agropecuária. Os produtores rurais tiveram o prazo para pagamento dos impostos estendido por um ano.
Segundo o secretário da Sociedade Rural Argentina, a produção de trigo era estimada em 16 milhões de toneladas, mas a metade da colheita foi perdida.
Quem viaja de carro pela região encontra uma triste paisagem. O rio ficou praticamente seco. O gado mata a sede em pequenas poças. Nem os peixes sobreviveram.