Mesmo com a volta das chuvas, perdas são irreversíveis e o agricultor corre para evitar prejuízo na safra; Caravana Soja Brasil passa pelo município
Manaíra Lacerda | Porto Alegre do Norte (MT)
A seca deve prejudicar as lavouras de soja em Porto Alegre do Norte, na região do Araguaia, em Mato Grosso. A falta de chuvas deve reduzir a produtividade em 30%. O produtor Édio Brunetta é um exemplo. Ele esperava colher 55 sacas por hectare, mas a expectativa já caiu para 45 sacas por hectare.
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As chuvas que caíram na propriedade totalizam 300 mm acumulados, contra a média de 1200 mm. O produtor agora precisa de uma condição climática perfeita para conseguir pagar as contas.
– Tem que correr muito bem para que a gente possa, simplesmente, pagar os custos de produção deste ano. Em virtude de pegarmos muitos recursos em dólar, a soja está muito desvalorizada em dólar em comparação com os últimos anos – lamenta o produtor.
– A nossa região tinha um calendário bem homogêneo. O pessoal plantava certinho, dentro de um cronograma estabelecido, mas este ano atrasou o plantio, tivemos replantio. Em função disso, estamos revendo a questão da safrinha – afirma o presidente do Sindicato Rural de Porto Alegre do Norte, Marcelo Rodrigues.
A preocupação com a perda da qualidade da soja durante a colheita também está presente.
– As previsões mostram bastante chuva no mês de fevereiro e março, quando vai concentrar um maior volume da colheita e, com isso, a gente tem bastante preocupação que essas chuvas venham e cause perdas na colheita, tanto em produtividade quanto na qualidade dos grãos – avalia Brunetta.
Caravana Soja Brasil
No pequeno município, com pouco menos de 12 mil habitantes, a Caravana Soja Brasil atraiu trabalhadores e produtores rurais da região, que acompanharam apresentações sobre Manejo Integrado de Pragas (MIP), aplicação de defensivos e fertilidade do solo.
– A região do Araguaia vem se destacando nesta produção, então a gente sentiu essa necessidade de trazer também para esse público a informação, o conhecimento, palestras, oficinas, que auxiliam os nossos produtores a melhorar a sua lucratividade, sua produtividade, através da informação – afirma a analista de projetos do Senar-MT Daniela Niccioli.
Outro assunto que chamou a atenção do público foi a capacitação sobre classificação de grãos. O curso de 32 horas oferecido pelo Senar-MT está sendo ministrado em Porto Alegre do Norte nesta semana. Segundo o instrutor Antônio Oliveira, a partir da classificação que se definem os padrões de qualidade dos grãos que vão para a mesa do consumidor.
– O aluno vai ter todo o conhecimento teórico do que é um grão ardido, como ele se verifica e, depois, vai verificar na prática o que é um grão mofado. Também tem a teoria para depois ter a prática e depois transformar isso em porcentagem, seguindo a tabela de cada produto – explica.
Quem procura o curso espera uma melhor colocação no mercado de trabalho.
– Aqui, no norte Araguaia, a soja entrou com muita força e vários produtores estão exigindo a precificação de grãos para buscar um recurso melhor e para agregar mais valor ao seu grão – comenta o aluno Carlos Alberto Oliveira.
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