Há três safras consecutivas que a soja vem batendo recorde de produção. O aumento da área plantada, do consumo e das exportações tem contribuído para o sucesso do setor desde a safra 2012/2013. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil produziu 96,2 milhões de toneladas em 2014/2015, em uma área de 32 milhões de hectares. Para a safra 2015/2016, as estimativas iniciais eram de que a produção bateria mais um recorde, com aproximadamente 102 milhões de toneladas. Porém, o clima afetou a produção nos principais estados produtores, reduzindo o total para 99 milhões de toneladas e, portanto, não atendendo às primeiras expectativas dos produtores do grão.
O excesso de chuvas em Mato Grosso e Rio Grande do Sul, a estiagem em algumas regiões do Paraná e no Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), devido ao fenômeno El Niño, foram responsáveis pela perda de produção nesses estados. “Alguns sojicultores sofreram o impacto do clima na fase do plantio e outros no processo de colheita. Mas, dependendo do resultado final de alguns estados, o Brasil ainda poderá contabilizar safra recorde ou semelhante ao do último período”, explicou o assessor técnico da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Alan Malinski.
As regiões Norte e Nordeste foram as que mais sentiram os efeitos climáticos. Todos os estados do Matopiba registraram perda de produção, com relação a última safra. Piauí, por exemplo, produziu 1,8 milhão de toneladas em 2014/2015 e nesta safra deverá fechar com 1,1 milhão, uma queda de 35%. Maranhão, Tocantins e Bahia devem diminuir em 21%, 27% e 6%, respectivamente, a produção do grão. Minas Gerais e Distrito Federal foram as únicas unidades da federação que tiveram significativo aumento nesta safra. O DF com 47% e Minas com 34%.
Embora o cenário seja preocupante para os produtores, o Brasil se destaca na produção e exportação da soja. Com 50,6 milhões de toneladas embarcadas na safra 2014/2015, o país mantém a primeira posição no ranking mundial de exportação. Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar com 46 milhões de toneladas, mas são campeões em produção, com 106 milhões de toneladas produzidas, nesta safra. A Argentina vem em terceiro lugar tanto em produção, quanto em exportação. “O país vizinho é um grande competidor, mas está enfrentando dificuldades com a colheita. O excesso de chuva provocou alagamento em um terço das plantações e isso deve causar a perda de 3 a 5 milhões de toneladas”, destacou Alan Malinski.