– Autoridades chinesas sempre falam em uma grande colheita – disse Fred Gale, economista do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
– Isso parece uma coisa boa, já que eles têm demonstrado preocupação em fazer com que a oferta acompanhe a demanda. Mas agora, a China parece estar com excedentes da maioria de suas commodities.
O excesso de grãos na China vem sendo comemorado, já que o país enfrentou forte escassez de alimentos e fome há apenas algumas décadas. Mas a China está pagando muito mais do que o necessário para alimentar seu povo e terá de vender esse excedente a preços baixos no mercado global, o que pode derrubar ainda mais os valores.
A situação expôs o oneroso e ineficiente programa de subsídios do governo chinês. O governo está tentando proteger a população rural e, ao mesmo tempo, reduzir a produção dessas commodities, para economizar dinheiro e diminuir o excesso.
É difícil descobrir o tamanho exato e os custos do programa de subsídios. Dados oficiais mostram que a China compra até um terço da produção de milho. A mídia estatal diz que o governo gastou US$ 36 bilhões em dois anos para comprar milho quando o preço de mercado ficou abaixo de um determinado piso.
– Os estoques são enormes e não há justificativa comercial para mantê-los – disse Thomas Pugh, economista da Capital Economics, em Londres.
– Esses são bens perecíveis, que vão começar a se deteriorar – acrescentou. Ele estima que a China detenha cerca de 40% dos estoques mundiais de milho. O país pretende construir instalações para armazenar mais 50 milhões de toneladas de grãos em 2015, de acordo com a mídia estatal.
Cerca de 70% do milho da China é usado em ração animal, resultado do aumento do consumo de carne no país. Isso é um problema particularmente incômodo para o país, já que a produção está aumentando também nos Estados Unidos e derrubando as cotações. Enquanto isso, os preços chineses permanecem elevados por conta dos subsídios.
Isso estimula comerciantes chineses a importar milho do exterior, agravando o problema dos estoques domésticos, disse Jikun Huang, diretor do centro do governo
para política agrícola, em Pequim. Recentemente, a China vem tentando frear importações norte-americanas de milho, citando a presença de cepas geneticamente modificadas.