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Estudantes da zona rural contam histórias na festa literária de Paraty

Presidente da Associação de Moradores de Cabral é personagem escolhidoCom a frase "Nunca nadou no rio ou na praia porque nunca aprendeu a nadar", a estudante Renata Santos, de anos 12, lembra o vizinho Domingo Ramos, de 72 anos, o mais ilustre personagem do povoado de Cabral, onde ambos vivem, na zona rural de Paraty. Situado no litoral sul fluminense, o local é rodeado de cachoeiras e praias.

O morador foi o personagem da comunidade escolhido pelos próprios estudantes da única escola do povoado para ter sua história de vida contada durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começou na última quarta-feira, dia 2. Um dos focos da sexta edição do encontro é a valorização das tradições locais.

Mesmo com poucos recursos, os cerca de 40 alunos da escola municipal prepararam um painel de três metros com desenhos e textos sobre trechos da vida de Ramos. Nesta sexta-feira, dia 4, eles puderam conferir o resultado, exposto na área mais nobre da Flip, em frente à Tenda dos Autores, onde se reúnem os principais nomes da festa.

? Seu Domingos tem um carisma muito grande com as crianças. E, como presidente da associação de moradores, defende o bem-estar da população de lá, como as pesquisas sobre a relação da comunidade com descendentes de quilombos ? conta a professora responsável pela iniciativa, Mariana Lobo.

Segundo ela, a proposta de contar a história do povoado rural de Cabral, que tem cerca de 400 habitantes, começou como um grande desafio no começo do ano. A idéia foi apresentada pela organização não-governamental Associação Casa Azul, em parceria com o Museu da Pessoa, que é um Ponto de Cultura.

? Eles (integrantes da Casa Azul) emprestaram uma parte do material e ofereceram um curso com técnicas de entrevista, mas foram as crianças que produziram todo o resultado final. Tanto na fotografia quanto na filmagem e nas ilustrações, revelando interpretações que tiveram da entrevista com seu Domingos ? disse Mariana.

A coordenadora da Flipinha, versão infantil da Flip, e do setor de educação da ONG, Gabriela Gibrail, conta que o projeto busca atender a aproximadamente 25 comunidades rurais que ficam perto de Paraty. Ela fala sobre a dificuldade para chegar a algumas delas, o que só é possível depois de duas horas de barco ou de caminhadas a pé.

? É claro que ainda não chegamos a todas as comunidades, mas o plano é que em dois anos tenhamos montado um acervo com 200 livros em cada escola. Além disso, trabalhamos com a formação dos professores, incentivando o desenvolvimento de diversas atividades educativas e culturais em suas escolas ? destacou a coordenadora.

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