A pesquisa mostrou ainda que esses setores ganharam participação nas exportações brasileiras. Entretanto, os bens intensivos em ciência ainda correspondem a uma parte pequena do total. O segmento dos produtos baseados em recursos naturais corresponde às indústrias de extração mineral, cimento, alimentos e madeira, entre outras. Os produtos com base em ciência se referem às indústrias eletrônica, farmacêutica e aeronáutica, entre outras.
O estudo foi feito por Luciano Nakabashi, Marcio José Vargas da Cruz e Fábio Dória Scatolin, professores do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
De acordo com Nakabashi, as três variáveis afetam não somente o montante exportado por um país, mas também sua composição. A importância da análise, segundo ele, é destacar a relação existente entre a composição e o dinamismo do setor exportador ? ou seja, a relevância desse setor em um processo de crescimento econômico de longo prazo.
? Essa importância do setor exportador sobre o desempenho econômico está relacionada à restrição externa, visto que o processo de crescimento econômico envolve, automaticamente, uma elevação das importações. Assim, se o desempenho do setor exportador for fraco, o país enfrentará problemas de restrição no balanço de pagamentos, inibindo o seu crescimento.
O pesquisador destaca que o estudo foi feito antes da atual crise econômica mundial, que mudou completamente os rumos da economia, mas que a análise sobre o período anterior permanece válida e é importante para o entendimento dos processos a longo prazo.
? A mudança estrutural que foi identificada no estudo é um processo de médio e longo prazo. No momento atual, temos um problema diferente, que poderá ser de curto prazo e que deteriora a conta corrente do país. Não temos mais a locomotiva externa puxando as exportações. Com isso, os problemas de restrição da importação e inibição do crescimento tendem a se agravar ainda mais ? afirmou.
No estudo foram analisados os impactos do câmbio e dos juros na dinâmica do setor exportador em cinco segmentos da economia, de acordo com a intensidade tecnológica: recursos naturais, trabalho, escala, diferenciação e ciência.