Estudo aponta alternativa para controle da helicoverpa

Saiba mais sobre o grupo de trabalho Helicoverpa armigera de Mato Grosso do SulA safra de soja 2013/2014 veio acompanhada de uma boa dose de dor de cabeça para os produtores rurais do Centro-Oeste: uma praga recém-identificada no Brasil e que, até então, não se tinha o conhecimento necessário para combatê-la de forma efetiva. A Helicoverpa armigera, lagarta responsável por perdas significativas em lavouras do oeste da Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, ainda é motivo de preocupação para os agricultores.

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Em Mato Grosso do Sul, o dano não foi tão extenso, mas o suficiente para que fosse decretado estado de emergência fitossanitária. Trata-se de uma espécie polífaga, que pode causar danos a diferentes culturas de importância econômica como soja, milho, algodão, sorgo, tomate, além de plantas ornamentais e frutíferas.

O comportamento da espécie é de grande mobilidade, dentro e entre áreas, através de dispersão e migração, podendo chegar a 1.000 quilômetros de distância. Perigosa, a lagarta tem alta capacidade de sobrevivência, mesmo em condições adversas, podendo completar várias gerações ao ano e finalizando o seu ciclo de ovo a adulto no período de quatro a seis semanas – e o prejuízo que ela pode causar é assustador.

Preocupados, produtores rurais de Mato Grosso do Sul procuraram a Fundação MS  e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo (Seprotur) em busca de uma solução para o problema – e assim foi criado o grupo de trabalho Helicoverpa armigera de Mato Grosso do Sul.

A primeira medida do grupo foi realizar a coleta de mariposas em diversas regiões produtoras do Estado, sendo identificada a presença de helicoverpa em amostras de Maracaju (maior região produtora de soja no MS), Naviraí, São Gabriel do Oeste e Chapadão do Sul. 

Dessa forma, um estudo foi realizado durante a safra 2013/2014 para verificar a eficiência de determinados inseticidas. A equipe identificou uma região com ocorrência da praga e em seguida o ensaio foi estabelecido. As condições durante a condução do ensaio foi de umidade intermediária, plantas no estágio reprodutivo, com início de produção de vagens.

Segundo José Fernando Jurca Grigolli, pesquisador da Fundação MS, o resultado da pesquisa foi satisfatório: a praga foi controlada por alguns inseticidas, inclusive com bons índices de controle:

– Esse resultado ocorreu em função dos produtores realizarem o monitoramento com grande intensidade, e fazendo as aplicações de inseticidas com baixa população da praga e com lagartas pequenas, o que facilita o seu controle e melhora a eficiência dos inseticidas utilizados. Para lagartas grandes, este estudo indica alguns inseticidas com eficiência para o controle, mas as doses devem ser elevadas em até 25% e pode ser necessário o uso de baterias de aplicação, ou seja, aplicações sequenciais com intervalos de 10 a 15 dias, para realmente reduzir a população das pragas – explica.

Para o controle da lagarta, existem algumas indicações, como os produtos à base de clorantraniliprole, flubendiamide, indoxacarbe, espinosade, clorfenapir, metoxifenozide, teflubenzuron, Bacillus thuringiensis e vaculovírus. Em virtude da dificuldade de controle, alguns Estados (como o oeste da Bahia, MT, GO e MS) autorizaram o uso de benzoato de emamectina. um agrotóxico altamente eficiente em caráter emergencial.

O estudo foi realizado em Maracaju, mas com os ajustes necessários, o resultado pode ser aplicado em outras regiões. O pesquisador reitera que, para que o produtor rural utilize o estudo como base, a eficiência do controle está diretamente ligada ao tamanho e quantidade de lagartas, daí a necessidade do constante monitoramento da lavoura. Quanto mais cedo o problema for identificado, menor o tamanho e a população da helicoverpa – e maior a chance de controle:

– Os produtores devem fazer as aplicações de inseticidas com baixa população de lagartas de helicoverpa, e preferencialmente com lagartas pequenas, caso contrário, o cenário fica mais complexo e o custo de controle pode ficar bastante elevado. Em todo caso, embora o estudo aponte um resultado satisfatório, é importante que o produtor procure as instituições de pesquisa para buscar uma orientação mais específica para o seu caso e ter maior segurança na tomada de decisão – finaliza.