O estudo mostra que muitos trabalhadores se sujeitam a esse tipo de trabalho porque precisam. O serviço é pesado, as condições são precárias e o pagamento é muito baixo, em torno de R$ 6 por dia. A combinação de pobreza extrema e baixa escolaridade foi verificada na maioria dos casos. Cerca de 45% são analfabetos e 85% nunca fizeram um curso profissionalizante. No entanto, o que mais chama a atenção é a taxa de reincidência, que chega a 60%.
Os trabalhadores entrevistados tinham idade média de 31 anos e foi encontrada apenas uma mulher. Nordestinos são a maioria, cerca de 77%. A maior parte acredita que ter terra para plantar poderia resolver o problema. É o que defende também a Comissão Pastoral da Terra (CPT), segundo o coordenador da Campanha Nacional da CPT de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo, Xavier Plassat, o que falta é uma punição efetiva que criminalize essa conduta.
? Nós precisamos de políticas públicas muito mais ousadas, especificamente de uma reforma agrária nas regiões onde estes trabalhadores são aliciados ? aponta.
Para a Procuradoria Geral do Trabalho, é preciso investir ainda em qualificação nas regiões onde as ocorrências são frequentes. De acordo com o procurador geral do trabalho, Luís Camargo, as políticas públicas não estão sendo desenvolvidas atualmente. Não existe um projeto efetivo de qualificação profissional que leve ao trabalhador a informação que permita a que ele não seja aliciado.
A Comissão Pastoral da Terra estima que, apenas este ano, duas mil pessoas tenham sido resgatadas do trabalho escravo no país.