O Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) do Rio Grande do Sul desenvolveu um estudo para substituição de agrotóxicos usados de forma ostensiva na agricultura, pela utilização de óleos essenciais de plantas bioativas como potencial herbicida para o controle do capim-annoni (Eragrostis plana).
Segundo a coordenadora da pesquisadora Joseila Maldaner, o capim-annoni é uma das mais importantes invasoras nos campos da região Sul, causando prejuízos para a biodiversidade do bioma Pampa e também para a atividade agropecuária do Rio Grande do Sul. Países vizinhos como Uruguai e Argentina também vêm sofrendo com a invasão da praga.
A pesquisadora explica que os óleos essenciais (OEs) são compostos vegetais naturais, voláteis e complexos, frequentemente caracterizados por uma fragrância intensa. “Esses metabólitos secundários apresentam uma ampla gama de aplicações, como na medicina, culinária, aromaterapia, cosmetologia, e até mesmo no controle de pragas agrícolas”, pontua.
A equipe do Centro de Pesquisa em Florestas, no município de Santa Maria, há cerca de cinco anos, vem prospectando espécies aromáticas, extraindo óleos essenciais e estudando o potencial bioherbicida dos mesmos no controle da germinação do capim-annoni dentre outras aplicações. “Diferentes concentrações dos OEs de alecrim, aroeira-vermelha, arruda, canela, capim limão, carqueja, cipreste, citronela, eucalipto citriodora, eucalipto grandis, melaleuca, louro e pinus foram testadas”, esclarece a pesquisadora.
“A contenção da dispersão do capim-annoni é praticamente restrita ao controle por herbicidas químicos. Assim, este estudo propõe uma alternativa, que, além de eficiente no controle da dispersão da praga, seja ambientalmente segura e baseada na aplicação de óleos essenciais”, esclarece.
O uso dos óleos essenciais também têm demonstrado eficiência no controle de fungos fitopatogênicos. “Os óleos essenciais se mostraram uma eficiente e interessante alternativa para o controle da praga, sendo que, das treze espécies bioativas testadas, os óleos essenciais de aroeira-vermelha e arruda inibiram de forma significativa a germinação e o crescimento inicial dessa desafiadora espécie invasora. Os resultados obtidos neste trabalho apontam espécies bioativas promissoras como fonte de compostos eficientes para a formulação de bioprodutos com efeito herbicida sobre o capim-annoni”, conclui a pesquisadora.