O Brasil consome hoje praticamente o que produz de etanol, cerca de 28 bilhões de litros por ano. A estimativa para a próxima década é que a demanda dobre. O debate na CNA colocou em questão como tornar o biocombustível brasileiro mais competitivo. O coordenador-geral de Açúcar e Etanol do Ministério da Agricultura, Cid Caldas, aponta para os estados a responsabilidade de incentivar a produção e o consumo do combustível.
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– Nós temos o exemplo de Minas Gerais, que reduziu o ICMS e vai ter uma demanda aumentada em mais de um milhão de litros. O estado não vai perder, vai ganhar no volume. Se os outros estados entenderem essa lógica, reduzirem o ICMS para o etanol, com certeza vai incentivar a produção e o consumo – ressalta.
O Centro-Oeste possui quatro usinas flex, que processam milho para a fabricação de etanol, três delas ficam em Mato Grosso e produzem mais de 300 milhões de litros do biocombustível por ano. O potencial de produção nessa região é significativo, se considerar o excedente de produção de milho que acaba exportado, aproximadamente 20 milhões de toneladas por safra. As lideranças do setor aproveitaram o evento para cobrar do governo federal uma política pública de incentivo ao etanol de milho.
– Se nós pensarmos em torno de 400 litros por tonelada de milho processado, esse é um número bastante grande. Com 20 milhões de toneladas, estamos falando algo em torno de oito bilhões de litros de etanol. É um número gigantesco. O que precisamos é ter uma relação estável de garantia de rentabilidade dentro da atividade, uma relação estável entre produtor, mercado e governo – afirma o empresário Piero Vicenzo Parini.
Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), estado que produz um bilhão de litros de etanol por ano, tanto a partir de cana-de-açúcar quanto de milho, a principal mudança deve estar na forma de distribuição para reduzir o preço final do produto.
– Quando você retira essa política de distribuição, que ele pode ser destinado diretamente ao mercado consumidor, você ganha uma competitividade muito grande. É um caminho muito importante para o consumo de milho internamente, gerando divisas para o brasileiro ao invés de ser exportado, gerando riquezas fora do país. Temos muito a agregar a cadeia do milho com a produção de etanol – destaca o presidente da Aprosoja-MT, Ricardo Tomczyk.
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O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, disse que a estratégia é salientar o valor ambiental do biocombustível para torná-lo mais rentável. Nassar disse que o debate sobre o etanol a partir de milho ainda é inicial. No entanto, ele ponderou que é preciso ainda trabalhar questões para viabilizar a ideia.
– O mais importante é a segurança. É preciso projetar o fluxo de caixa desse negócio. Hoje, o grau de incerteza é grande, o apetite por esse investimento é baixo. Se houver sinalização positiva, o dinheiro vem. Algumas coisas já estão sendo corrigidas, a Cide já voltou. Você tem tributos que permitiriam com que esse beneficia ambiental do etanol fosse feito em preço. A gente não vai conseguir fazer isso este ano, mas é um trabalho que acredito nos próximos dois anos – avalia Nassar.