Após reunião nesta terça-feira, dia 19, entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, o governo dos Estados Unidos divulgou comunicado conjunto informando que concordou em dar novos passos no sentido de liberar a compra de carne in natura exportada pelo Brasil.
De acordo com nota, será agendada uma visita técnica do Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para auditar o sistema de inspeção de carne bovina do Brasil, assim que o governo brasileiro tiver fornecido a documentação de segurança alimentar.
Além disso, Trump e Bolsonaro instruíram suas equipes a negociar um Acordo de Reconhecimento Mútuo em relação aos seus programas de comércio confiável (Trusted Trader), o que reduzirá os custos de exportação para empresas americanas e brasileiras. Bolsonaro, por sua vez, anunciou que o Brasil criará uma cota tarifária permitindo a importação de 750 mil toneladas anuais de trigo com tarifa zero.
Além disso, de acordo com o comunicado, os Estados Unidos e o Brasil concordaram com as condições científicas para permitir a importação de carne suína dos Estados Unidos.
Logo após a o comunicado conjunto, o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, destacou, em suas redes sociais, a reunião com a ministra Tereza Cristina, em Washington, nesta terça-feira. Ele informou que foi discutida a forte relação entre os dois países na produção de grãos e de proteína animal.
Tereza Cristina e Perdue também trataram da “necessidade de parcerias em apoio à biotecnologias agrícolas e comércio seguro, baseado em ciência, para produtos dos dois países, como carne suína e bovina.”
Perdue também comemorou a decisão do governo brasileiro de criar uma cota de 750 mil toneladas anuais de trigo com tarifa zero de importação. De acordo com Perdue, os produtores americanos estavam “ansiosos por grandes exportações de trigo dos EUA”. Segundo o secretário, há “mais por vir, à medida que fortalecermos o relacionamento bilateral com o Brasil”.
O Brasil vai notificar à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a criação da cota, com a qual já tinha se comprometido desde o fim da Rodada Uruguai, da OMC, na década de 1990, sem que a medida tenha sido implementada.
OCDE
Ainda segundo a nota oficial conjunta, o presidente Trump anunciou o apoio dos Estados Unidos à entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de 36 grandes países que aceitam os princípios da economia de mercado. Trump saudou os esforços do Brasil em relação a reformas econômicas, a melhores práticas de governo e à criação de um marco regulatório alinhado com os padrões da OCDE.
Em troca, de acordo com o documento, “em consonância com seu status de líder global, o presidente Bolsonaro concordou que o Brasil começará a renunciar ao tratamento especial e diferenciado nas negociações da Organização Mundial do Comércio”, atendendo proposta dos Estados Unidos.
Os dois líderes concordaram em construir uma parceria de prosperidade para aumentar os empregos e reduzir as barreiras ao comércio e ao investimento. Para esse fim, decidiram aprimorar o trabalho da Comissão de Relações Econômicas e Comerciais dos Estados Unidos com o Brasil, criada no âmbito do Acordo sobre Cooperação Econômica e Comercial, com o objetivo de explorar novas iniciativas para facilitar o investimento comercial e as boas práticas regulatórias.