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REVOLUÇÃO

Ex-fabricante de sapato, hoje ele produz abacaxi de 2 kg e ensina técnica

Por meio de assistência técnica e com muita criatividade, Antônio dos Santos desenvolveu uma máquina para otimizar a plantação

Produzir um abacaxi com mais de dois quilos faz Antônio dos Santos Macedo Silva comemorar. A lavoura dele é localizada no município de Jaraguá, a 120 quilômetros de Goiânia.

O mais impressionante é que há apenas seis anos, ele não entendia nada do fruto. Estava em um ramo completamente diferente: fabricava e vendia calçados para vários estados do país.

Por ficar até 45 dias fora de casa fazendo as entregas, já estava cansado da vida que levava. Foi quando decidiu passar uma temporada em uma plantação mantida pela mãe.

Queria entender como funcionava o cultivo, mas tudo achava tudo muito complicado. “Na época, ninguém sabia explicar direito como era o passo a passo do cultivo. Era tudo feito por base, através da experiência prática. Então, eu comecei a estudar e decidi plantar algumas mudas. Eu não tinha trator e foi então que eu resolvi fabricar uma máquina para ajudar no manejo”, lembra.

Máquina “Frankenstein”

Antônio usou seus conhecimentos em mecânica, adquiridos quando era jovem aprendiz e, assim, utilizando peças de moto e de um carro, além de um motor estacionário, construiu a “Frank”. O apelido da máquina é devido a junção das várias partes de outros veículos.

“A máquina faz o sistema de trabalho, adubação, fertirrigação e de aplicação de defensivos. Então, com ela, eu e mais um funcionário conseguimos fazer o serviço de 12 homens”, conta.

Dessa forma, o gasto com a mão de obra fica apenas para colheita. “Com a máquina que eu construí, nós não carregamos peso nas costas e fazemos tudo que é preciso na lavoura e ainda atendo as de outros produtores vizinhos”, reforça.

Desafios com o abacaxi

abacaxi
Foto: Senar/Divulgação

Com o problema da mão de obra para o manejo resolvido, veio outro desafio com as mudas plantadas. “Eu não sabia comprar as melhores mudas. Vinham de qualquer jeito e acabavam perdendo. Tanto que tive que replantar mais da metade”, lembra.

No entanto, mesmo diante dos desafios enfrentados sozinho, tentando entender a lavoura, Silva conheceu o Senar Goiás, por meio de outro produtor. O técnico de Campo, Erick Tiago Lino Pereira, através do Sindicato Rural de Jaraguá, passou a oferecer a ele a Assistência Técnica e Gerencial do Senar Goiás (ATeG).

“Quando eu cheguei na plantação, vi que tinha muita mortalidade de mudas. O primeiro trabalho foi fazer a seleção das mais adequadas, tanto das já plantadas como das próximas no cacho (mudas que nascem abaixo do fruto do abacaxi usadas no replantio). Os índices de doenças e pragas também eram altos. O produtor nunca tinha feito análise de solo e havia necessidade de adubação e calagem”, conta o técnico.

Cuidados com a muda da fruta

Foto: Envato

Saber identificar se a muda está saudável é fundamental, destaca Pereira. “Se você plantar uma muda com sintomas iniciais de qualquer doença, quando colocar no solo, ela não vai se desenvolver. Você gastou tempo e dinheiro e ela não vai produzir o fruto. Também é importante saber o tamanho certo das mudas para fazer o escalonamento da produção, para que assim que colher uma etapa, outra esteja pronta e com padrão de fruto”, explica.

Com a ATeG, Silva está conseguindo colher um fruto maior, tendo menos perdas, além de conseguir controlar as pragas durante todo o ciclo de produção.

“O abacaxi é uma planta de ciclo longo, de um ano e meio. Então fazemos o monitoramento mês a mês. Em cada visita, a gente percorre a plantação toda, para ver o que é necessário fazer para ter uma produção cada vez melhor. Com a assistência técnica o produtor melhorou bastante a qualidade dos frutos. É uma porcentagem muito maior de frutos de primeira colhidos”, detalha o técnico de campo.

Ajuda essencial

Segundo Silva, a Assistência Técnica do Senar Goiás é essencial, desde o início com a escolha das mudas até o preparo do solo.

“O técnico repassa para gente de uma forma clara tudo bem detalhado. Era bem o que eu precisava e antes tentava fazer sozinho. E claro, não podemos esquecer das orientações de custo. O Senar Goiás me ajuda muito com o gerenciamento da lavoura. Assim, eu consegui fazer um lucro bem maior. É importante destacar ainda que com índice de doença menor e com a qualidade de mudas bem melhor, consigo aumentar cada vez mais o potencial das plantas”, descreve o produtor de abacaxi.

Sendo influenciado pelo gosto de aprender e aconselhado por Pereira, Silva está fazendo o curso Técnico em Fruticultura do Senar Goiás.

“Já está me ajudando bastante. A partir de agora, já consigo fazer ações preventivas e agregar valor ao meu produto final. Concluindo a colheita das quatro etapas de produção, eu já planejo o plantio de outra lavoura para setembro e outubro. Tenho ainda mais 200 mil mudas plantadas e estou alugando outra área para ampliação de lavoura para o próximo ano. E vou continuar firme com a Assistência do Senar Goiás”, conclui o produtor.

Além da Assistência Técnica e Gerencial que pode ser solicitada nos Sindicatos Rurais, e do curso Técnico em Fruticultura, o Senar Goiás oferece o treinamento para o cultivo do abacaxi. Todos os serviços são gratuitos.

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