Na avaliação de Stephanes, o risco era previsível e poderia ter sido evitado.
– Em 2008 alertei o governo sobre a necessidade de incentivarmos a produção no Brasil. Consegui, com muito trabalho, convencer sobre a importância dessa política e lançamos o Plano Nacional do Trigo que tinha como meta aumentar em 25% a safra do ano seguinte. Reajustamos, inclusive, em 20% o preço mínimo. Infelizmente essa política foi totalmente abandonada – disse ele por meio de nota.
O ex-ministro argumenta que, do ponto de vista técnico, a produção do grão é estratégica, porque se trata de uma cultura de inverno, que ajuda a proteger o solo e compõe melhor os custos de produção dos agricultores para as culturas de verão.
– A resposta da produção é rápida e, com um bom plano de incentivos, em três a cinco anos o Brasil já pode alcançar a autossuficiência – destaca.
Reinhold Stephanes observa que a consequência automática da interrupção das exportações argentinas de trigo é o aumento de preços e, consequentemente, da inflação. Segundo ele, os dados da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) apontam que os consumidores do Paraná já estão pagando valor 35% maior pela farinha de trigo especial em comparação com o mês de junho de 2012.
O ex-ministro alerta que o mesmo problema pode ocorrer com o feijão. Ele lembra que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) cortou, até 30 de novembro, o imposto de importação sobre o feijão, em uma tentativa de aumentar a oferta e aliviar a pressão inflacionária.
– Mais uma vez trata-se de uma cultura para a qual o Brasil tem todas as condições de ser autossuficiente. Falta apenas vontade política e um plano eficaz de produção – criticou Stephanes.