Segundo o presidente da Asgav, Luiz Fernando Pinedo Roman Ross, a indústria vem trabalhando no vermelho desde novembro, resultado não só dos custos maiores, mas de uma diminuição nas exportações. Segundo o dirigente, a produção de frangos já caiu 20% este ano.
? A produção, dessa forma, teve que se adequar à demanda. Com menos mercadoria no mercado, as indústrias têm de se recuperar de alguma forma, e isso sempre cai em cima do preço. É o caminho para a sobrevivência e deve durar alguns meses ? afirma.
Uma possibilidade de o consumidor ter um aumento menor é se o varejo reduzir sua margem ? assim, na prateleira o frango custaria 5% mais caro. Chance remota, segundo o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Longo. Ele diz que, se houver aumento da indústria para o varejo, o repasse ao consumidor será proporcional.
? Não acredito que chegue a 17%. Mas, se o valor for esse, o consumidor também vai arcar com o aumento. Não há como diminuir a margem se já é muito pequena ? frisa.
Mas não é só o consumidor e a indústria que serão atingidos. Produtores já veem seus aviários com menos frangos do que de costume. Segundo o assessor de políticas agrícolas da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Airton José Hochscheid, 99% dos avicultores trabalham de forma integrada com as indústrias. Desse percentual, muitos estão há 90 dias sem receber pintos.
? Com menor quantidade de frangos, acabam recebendo menos pelo trabalho, tendo vencimentos a pagar e vendo os alojamentos sem animais ? aponta.
Em Nova Bréscia, o avicultor Luiz Senter, tem notado uma redução de até 20% em seus ganhos com a produção. Com um aviário de 145 mil frangos, a redução dos pedidos para se adequar com a demanda já é sentida.