Erosões em rodovias e estradas vicinais, queda de pontes e alagamentos de vias nos caminhos entre as fazendas e as áreas urbanas, além de doenças fúngicas e bacterianas, prejudicaram o setor.
Ainda é cedo, no entanto, para “mensurar o tamanho desse estrago”, defendem analistas do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado. Eles lembram que o período chuvoso ainda não acabou e muitos ciclos produtivos estão em andamento.
Em levantamento para dimensionar as perdas, o IEA identificou que as atividades mais prejudicadas até agora foram as de produção de hortaliças folhosas (verduras) e de leite, mais perecíveis e sensíveis ao calor intenso seguido de fortes chuvas.
Com redução na oferta, aumentaram de forma expressiva os preços das verduras no comércio varejista, incluindo as feiras livres e os supermercados, principalmente na capital paulista, onde o volume de chuvas foi mais intenso a exemplo de municípios da região metropolitana e de cidades vizinhas.
Leguminosas que levam pouco tempo para se desenvolver, como é o caso do feijão e do amendoim, também foram danificadas. Há estimativas de redução até pela metade na oferta do feijão, principalmente nas regiões de Avaré e Itapeva, que são os maiores produtores. Essa baixa, contudo, deverá ser mais sentida pelos produtores do que na ponta final de consumo, prevê Reinaldo Rosa Nova, corretor da Bolsa de Cereais de São Paulo.
Ele aposta na estabilidade dos preços, tomando por base a entrada no mercado de estoques reguladores e do fornecimento pelos estados onde o clima não afetou as plantações, a exemplo de Irecê, na Bahia.
A mesma situação é vista pelo corretor da entidade, Elias Saad, para o arroz. Muitas lavouras ficaram embaixo da água, na região do Vale do Paraíba, em plena temporada de colheita, mas o abastecimento deverá ser equilibrado com carregamentos de outros Estados produtores como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, aponta Saad.
Quanto ao amendoim, pela análise do IEA, se continuar chovendo há risco de ocorrência de aflatoxina, substância tóxica que faz cair a qualidade do produto. Para o milho e para a soja, as perdas são estimadas em torno de 10% e 20%.
No segmento de frutas, também não houve ainda um balanço dos efeitos das chuvas, mas muitas delas nem têm sido colhidas por causa da queda na qualidade. A uva, por exemplo, foi atacada por fungos e o caqui e a goiaba afetados por chuva de granizo. Vento e chuva impediram a florada normal da manga. Nos citros, os prejuízos são de maior incidência em doenças e pragas, além de dificuldades na colheita e no transporte.