— Ela começou com muita chuva no primeiro mês. Depois, na metade da cultura, houve um período muito grande de seca, em torno de 40 a 50 dias. Agora na colheita nós já estamos com mais de 15 dias de chuva — afirma Carvalho, que além de produtor também é engenheiro agrônomo.
Quem vê a plantação de longe não percebe os problemas, que aparecem quando se observa de perto o capulho do algodão. Como passou da época, ele está germinando. Outra questão aparece ainda na planta, que está com folhas verdes de rebrota.
— A cultura do algodão tem o ciclo indeterminado. Tendo água ela começa a emitir novamente botões florais e maçãs. O que está acontecendo agora é o seguinte, ela produziu, houve o estímulo de água e ela começou a rebrotar — explica Carvalho.
Em outras culturas, a rebrota até poderia ser considerada positiva, mas no algodão prejudica a qualidade do produto final, que fica com as plumas sujas e misturadas com partes da planta.
— Na hora de processar a colheita nós vamos ter um pouco de folha verde junto com a fibra. Isso vai prejudicar a qualidade. Como também ela vai ficar mais opaca. A semente dentro da fibra está germinando e isso vai prejudicar também a qualidade da fibra do algodão, porque vai um pouco tanto da casca quanto da radícula.
Além disso, também houve problemas com as maçãs do baixeiro, que são aquelas que ficam mais próximas ao solo. Elas receberam muita umidade na hora do desenvolvimento, o que levou a um apodrecimento. Diferente de Estados como Mato Grosso e Goiás, que em quase todas as safras esse apodrecimento atinge algumas lavouras, em São Paulo o problema é raramente visto, isso porque durante o desenvolvimento das maçãs o tempo normalmente fica mais seco.
Com tantos fatores climáticos negativos, o produtor calcula um prejuízo grande. Ele esperava colher 230 arrobas por hectare e acredita que agora devem ser colhidas apenas 180 arrobas por hectare.