A previsão inicial de que as lavouras plantadas em Mato Grosso produzam 22,10 milhões de toneladas do grão está mantida. Entretanto, diante das dificuldades provocadas pelo grande volume de precipitação, a possibilidade de que esta estimativa seja reduzida começa a ganhar força, conforme explica o gerente técnico da Aprosoja, Luiz Nery Ribas.
– Possivelmente teremos perdas, menos produtividade. É muito cedo, mas temos notado isso aí. Em termos de clima, chuva, o tempo é bem diferente em relação ao ano passado – aponta.
Mesmo em menor proporção, o problema também começa a acontecer em outras regiões. O gerente de produção de uma fazenda em Chapada dos Guimarães, no centro-sul de Mato Grosso, Moacir Kapusta diz que a lavoura de soja precoce ocupa mil hectares na propriedade. A previsão era concluir a colheita em janeiro, mas a chuva atrasou o cronograma e 40% da plantas ainda estão no campo. Os grãos que foram colhidos, segundo ele, estavam com umidade acima da esperada..
– Está em torno de 6% a mais que ideal, mas aí não tem o que fazer. Tem que perder um pouco na classificação, se não, não consegue plantar algodão – afirma.
Já o operador de maquinário de uma fazenda em Campo Verde, no sudeste do Estado, Sílvio de Paula Bento relata que qualquer trégua da chuva é encarada como oportunidade para avançar a colheita.
– Deu aquela hora de sol, já está no jeito. Mesmo chovendo, a gente vem de manhã. E a hora que deu sol tem que botar a máquina para trabalhar – conta.
De acordo com Bento, no local, a média diária de chuvas ocorridas em janeiro chegou a 32 milímetros. O número é 15% mais alto que o registrado no mesmo mês do ano passado. Ainda assim, o ritmo dos trabalhos foi satisfatório. Quase todos os 580 hectares de soja precoce já foram colhidos, mas parte da produção foi comprometida. Ele acrescenta que 40% da soja seriam comercializados como semente e agora terão que ser negociados como grão.