Durante o Fórum em Sorriso (MT), analista prevê que os preços no mercado internacional podem subir em 2016, com uma estabilização da oferta do grão
Manaíra Lacerda | Sorriso (MT)
O Fórum Soja Brasil em Sorrio, médio-norte de Mato Grosso, recebeu mais de 400 agricultores nessa segunda, dia 16. Os produtores da região foram alertados a reduzir investimentos em novas áreas para colaborar com a recuperação dos preços da soja.
A relação entre o clima instável no Brasil e os preços da soja no mundo foi o assunto mais comentado entre especialistas, autoridades e agricultores que participaram do debate. Nesta safra, o plantio está atrasado em alguns dos maiores estados produtores de grãos do Brasil, entre eles Mato Grosso e Goiás. Segundo o meteorologista Celso Oliveira, as chuvas só devem se regularizar nestas áreas a partir da segunda semana de dezembro. Em compensação, o veranico visto em janeiro deste ano não deve se repetir em 2016.
– Eu diria que entre 80% e 90% desta falta de chuva tem muito a ver com o El Niño. Quando a chuva se regulariza, ele tem a capacidade de provocar chuva frequente em boa parte do Brasil. Então, o Sul, que tem problemas de estiagem no verão, tem menor risco, o Sudeste e Centro-Oeste, que tiveram veranico nos últimos anos, a tendência é que tenhamos pancadas de chuva de final de tarde com certa frequência durante o verão – explica o Celso Oliveira.
• Fórum projeta renda menor que na safra passada
Mesmo com a regularização das chuvas, a estiagem no início do plantio pode contribuir para uma queda de produção no país. Durante o fórum, os agricultores receberam a informação que o excesso de demanda da soja, que força para baixo as cotações no mercado internacional, deverá acabar na próxima safra.
Na avaliação do analista de mercado Flávio França Jr., a oferta de soja no mundo é 5% superior ao consumo. Há seis anos, esta diferença era ainda maior: 10%. Segundo ele, isso indica que, nos próximos anos, isso deve ser superado, o que vai ajudar a impulsionar os preços do grão.
– Estatisticamente falando, a cada quatro ou cinco anos existe uma perda de safra global. A nossa última grande perda foi em 2012. Portanto, a afirmação que eu tenho, olhando os últimos 30 anos, é que em 2016 ou, no máximo, 2017, nós teremos este ajuste [de oferta e demanda]. Seja por área, por alguém segurando um pouco a área ou pelo clima irregular, trazendo essa oferta um pouco mais para baixo – projeta França Jr.
Diante da informação, o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Almir Dalpasquale, chamou a atenção para a necessidade de se reduzir investimentos para novas áreas.
– O produtor, se olhar mais para aquilo que é importante, é momento de frear a abertura de novas áreas, principalmente em estados que crescem todo ano. É por um pé no freio para que diminua a oferta, mas, infelizmente, o produtor sempre acha que tem que produzir mais e mais, achando que esta é a saída – comenta o Dalpasquale.
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