Acesse o blog do Projeto Soja Brasil e saiba como foram os bastidores da expedição
A helicoverpa figurou como a principal praga dessa safra. Exigiu monitoramento constante e um gasto maior com herbicidas, inseticidas e fungicidas. Os custos de produção subiram, em algumas regiões atingiram 48 sacas por hectare. A equipe do projeto Soja Brasil visitou propriedades de menos de 100 hectares e propriedades com mais de 10 mil hectares. Em janeiro, começaram a ficar frequentes os relatos de produtores preocupados com o ataque de uma outra lagarta, a falsa-medideira.
– Para nós foi surpresa, é uma praga que está em um índice bastante alto de ataque e o que temos notado é que o produtor está tendo muito problema no controle dela – afirma o presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, Jair Guarniento.
De um lado, produtores estavam preocupados com a produtividade devido ao ataque de lagartas. De outro, havia comemoração por causa dos altos rendimentos. No Paraná, o Projeto Soja Brasil transmitiu ao vivo a abertura oficial da colheita da soja. Produtores celebraram índices de produtividade superiores a 70 sacas por hectare. Os dias passaram. O projeto continuou na estrada. O clima quente e seco castigou os agricultores da região sul e sudeste do país.
– A gente nunca viveu uma seca com tamanho estrago. Eu acredito que se a gente colher 30 sacas por hectare, na média geral, estaria de bom tamanho. Com insumos e tecnologia aplicada era para se colher em torno de 60 sacas por hectare – analisa o produtor rural Vittorio Venturi.
Em Boa Vista do Incra, no Rio Grande do Sul ficaram claros os sinais da perda de produtividade na planta devido às estiagens que atingiram lavouras gaúchas. Entretanto, os efeitos da seca foram além das fronteiras do Brasil e a expedição acompanhou de perto a situação na rota internacional em passagem pelo Uruguai.
– Estamos em uma seca muito grande, não chove há mais de 50 dias e a soja de segunda foi a que mais sofreu, pois nasceram com muita umidade que veio do inverno – contou o produtor rural Alejandro Gonzales.
A diferença de desempenho entre as lavouras foi clara. Foram exibidas na tela do Canal Rural belas plantações, sojas com muita vagem, produtores que foram exemplo no controle de lagartas e as vantagens dos que investiram em irrigação. Os antigos problemas de infraestrutura nas rodovias e portos brasileiros continuaram. As equipes do Projeto Soja Brasil retrataram os desafios enfrentados pelos agricultores. A expedição foi até a Argentina mostrar também as diferenças.
Normalmente uma lavoura de soja no Brasil estaria bem distante do porto. Na Argentina, a primeira diferença é esta, a logística. Lá, a soja colhida é transportada para o porto, pouco mais de 1 quilômetro de distância, onde será exportada.
A safra 2013/2014 ainda não chegou ao fim, mas os desafios para a safra 2014/2015 já começam a aparecer. A grande quantidade de sementes verdes identificadas em campos de soja nesta safra pode representar um problema a mais na próxima.
– Hoje diversas associações de produtores de sementes estão pleiteando que sejam inscritos campos de emergência, para que tenha volume maior de semente. Se a situação continuar como está, pode ser que tenhamos problema de falta de semente para a próxima safra – alertou o pesquisador da Embrapa Soja, José França Neto.
Os desafios e virtudes de uma safra histórica para o Brasil foram retratados durante cento e trinta e nove dias. A segunda expedição do projeto chegou ao fim. Na bagagem ficaram as experiências, as vivências, as marcas das propriedades rurais de todo o país.